A cerimônia de posse de Enio Verri (PT-PR) como novo diretor geral brasileiro da Itaipu Binacional, realizada na manhã desta quinta-feira (16), em Foz do Iguaçu (PR), foi palco de declarações em defesa do protagonismo nacional junto ao desenvolvimento regional na América Latina.
"Não é possível a gente imaginar um país rico cercado por países pobres de todos os lados. O Brasil, como um irmão maior, tem que ter a responsabilidade de fazer com que os outros países cresçam conosco, para que possamos viver em um continente de paz e civilidade", destacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao discursar durante a solenidade.
Também estiveram presentes na cerimônia o presidente paraguaio Mario Abdo Benítez, o governador interino do Paraná, Darci Piana (PSD), lideranças políticas do Partido dos Trabalhadores e representantes da sociedade civil organizada da região Oeste do Paraná.
"Precisamos aprimorar nossa política externa. O Brasil, por seu tamanho territorial, por sua população, por ser o país mais desenvolvido do ponto de vista industrial, científico e tecnológico, tem que ter a grandeza de ser humilde e de compartilhar tudo o que houver de bom com os povos dos países vizinhos. Somente assim vamos garantir que este continente continue em paz", reforçou o presidente.
Em sua primeira visita a Foz do Iguaçu desde o início de seu terceiro mandato como presidente da República, Lula reiterou seu compromisso de campanha de fortalecer o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e reorganizar a União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), ambas iniciativas preteridas pela gestão do ex-presidente Bolsonaro.
"Já está mais que provado que juntos temos mais força para negociar e que separados somos frágeis. Os países da América Latina precisam compreender que temos o direito de crescer e de distribuir esse crescimento com a população", pontuou o petista.
Compromisso social
Em seu discurso de posse, o deputado federal licenciado para comandar o lado brasileiro de Itaipu Binacional ressaltou seu compromisso com as políticas sociais encampadas por Lula nas eleições de 2022.
"Quero registrar que Itaipu voltará a colaborar ativamente com o governo federal e com a reconhecida excelência técnica dos seus empregados e empregadas para fortalecer as políticas sociais de inclusão e de combate a toda forma de desigualdade", ressaltou Enio Verri.
Professor universitário e economista de formação, Verri afirmou que a hidrelétrica não se limita a ser uma mera geradora de energia, mas sim "um exemplo de projeto bilateral de reconciliação, cooperação e integração entre Brasil e Paraguai".
O novo diretor brasileiro de Itaipu garantiu ainda que a estatal caminhará lado a lado com as instituições de ensino com objetivo garantir a transformação social necessária ao território em que está inserida.
"Há quem prefira abordar a energia somente pelo lado da economia, como insumo essencial de desenvolvimento, o que é essencialmente verdadeiro. Porém, prefiro ressaltar a dimensão social da energia, a universalização do acesso é condição habilitante para uma cidadania plena no século 21. Também é indispensável incorporar ao mercado os excluídos do acesso aos bens básicos. Queremos energia para todos. Isso é um direito básico que o Estado tem obrigação de garantir, por isso é mesmo considerado um bem essencial", defendeu.
Sobre a continuidade das obras iniciadas durante o governo anterior, Verri foi taxativo ao afirmar que não haverá interrupção do que está em andamento e que novos empreendimentos serão avaliados de acordo com a função da empresa.