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Política

Em troca de apoio, PT não aceitará neutralidade de Leite no segundo turno

Forças de esquerda, que ameaçaram a permanência de Leite no 2º turno, vão exigir uma postura mais determinada do candidato tucano

Publicada em 04/10/2022 às 13:40h

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Marina
cresol

Em troca de apoio, PT não aceitará neutralidade de Leite no segundo turno
 (Foto: Reprodução da web)

O ex-governador Eduardo Leite (PSDB), que vai disputar o segundo turno das eleições para o governo gaúcho com o bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL), terá de se comprometer com a candidatura à presidência de Luiz Inácio Lula da Silva se quiser ter o apoio público e incondicional do PT e de outros partidos de esquerda que sustentaram a campanha de Edegar Pretto no primeiro turno.

As primeiras articulações visando a disputa, que ocorrerá no dia 30 de outubro, mostram que as forças de esquerda, que ameaçaram a permanência de Leite no segundo turno, vão exigir uma postura mais determinada do candidato em relação a pautas populares, como a manutenção da Corsan e do Banrisul como estatais e uma valorização do serviço público, especialmente com a carreira dos professores.

Mas, mais do que isso, a primeira exigência será em nível nacional: as lideranças petistas querem que o ex-governador abandone sua postura de neutralidade e apoie explicitamente o ex-presidente Lula no segundo turno da eleição presidencial. “Esse é o nosso ponto de partida: não tem a menor possibilidade de aceitarmos [de Leite] uma posição de neutralidade”, disse um representante da Executiva estadual do PT.

O mesmo dirigente informou que a reversão do quadro eleitoral no Estado, que apontou a vitória de um bolsonarista para o governo, é uma tarefa complexa. Em primeiro lugar, porque a polarização nacional vai aumentar.

“E o ex-governador Eduardo Leite já percebeu qual prejuízo pode ter ao adotar uma postura de neutralidade”, avaliou, referindo-se à diferença mínima entre ele e Pretto na contagem final. Leite passou ao segundo turno batendo o petista por uma diferença de apenas 2.491 votos. No cômputo geral, a distância entre os dois candidatos ficou em 0,04%.

Em segundo lugar, porque é do interesse do tucano contar com o engajamento da militância petista para reverter o quadro que pende em favor de Lorenzoni. Segundo o dirigente, as chances de Leite vencer sem uma participação orgânica do PT na campanha do ex-governador são remotas. “Ele deve ser o maior interessado em nosso apoio incondicional”, completou.

Outro dirigente estadual do PT confirmou a condicionante nacional para o apoio a Leite. “O quadro tem que estar definido em nível nacional”, disse. Na quarta-feira (5), a Executiva vai se reunir com todos os parlamentares eleitos (seis deputados federais e onze estaduais) para discutir estratégias de segundo turno para a candidatura Lula. O tema sucessão estadual não está na pauta.

A vice-presidente estadual do PT, Juçara Dutra, disse que o partido não tomará nenhuma iniciativa em relação aos dois candidatos que passaram ao segundo turno. Ela confirmou que a decisão de apoiar Leite ou, numa hipótese improvável, Lorenzoni terá como premissa a política nacional. “Vamos ouvir quem nos contatar”, disse Dutra.

Depois de resolvida a questão nacional, o PT tem uma pauta de questões programáticas para apresentar a quem procurar apoio do partido. Entre elas, questões tradicionais defendidas pela esquerda, como a valorização da democracia, dos direitos humanos e do papel do estado e da estruturas públicas em benefício da sociedade. Sem compromisso com essas questões, disse a dirigente, qualquer apoio passa a ser pouco efetivo.

Na entrevista coletiva que concedeu na manhã desta segunda-feira (3), depois de ter acompanhado toda a tensa apuração de votos em Pelotas, o ex-governador Eduardo Leite garantiu que não haverá “omissão” da parte dele em relação às eleições presidenciais, mas ressalvou que pretende basear sua estratégia no segundo turno em questões locais. Ele citou a senadora Simone Tebet (MDB), que ficou em terceiro lugar na disputa presidencial, com mais de 5 milhões de votos, para balizar sua decisão.

“Não tomarei posição individual antes de conversar com o grupo político que me apoia”, afirmou. Tebet cobrou, ainda no domingo, que os partidos que sustentaram sua candidatura definam logo um posicionamento público sobre o segundo turno da eleição presidencial. Leite foi mais cauteloso: lembrou que há eleitores tanto de Lula quanto de Bolsonaro no seu círculo de apoios e que será preciso “chegar a um entendimento” sobre quem é melhor para o Rio Grande do Sul.

Leite também exaltou a sobrevivência de sua candidatura num cenário de extrema radicalização. “Conseguimos formar uma grande coalizão que resistiu à polarização. Todos temos biografias para sermos avaliados. Eu não preciso ser medido por essa régua estreita que se tornou a política nacional”, afirmou, em referência à disputa entre Lula e Bolsonaro.

O ex-governador se disse apto a iniciar negociações com o PT e outros de partidos de esquerda, sem que isso, contudo, resulte em assumir compromisso com pautas desse campo adversário. “Podemos e penso que deveremos conversar, mas isso não significa compromisso com nenhum tipo de acordo”, avisou.

 




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