Na batalha pela única vaga em jogo no Senado, três nomes despontam entre os nove que disputam a opção dos eleitores gaúchos: o ex-governador Olívio Dutra (PT), a ex-senadora Ana Amélia Lemos (PSD) e o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos).
É o que indicam as pesquisas de opinião. São os mais bem colocados, enquanto os demais não ultrapassam a barreira dos 5%.
Na avaliação das sondagens um deles ocupará a cadeira vaga do antigo âncora da RBS-TV, Lasier Martins, que se retirou da disputa para tentar a Câmara dos Deputados.
Olívio
“O povo tem que ser protagonista da História”
Gaúcho de Bossoroca, Olívio de Oliveira Dutra, 81 anos, retorna ao centro da arena política. Ex-prefeito, ex-governador, ex-ministro, estava afastado das atenções desde 2014, quando perdeu a carreira para o Senado para Lasier Martins, então no PDT, por 121.062 votos.
Caso vença, pela primeira vez o PT terá dois dos três senadores da bancada gaúcha. Como enfrenta dois oponentes que se digladiam pelos votos da direita, aumentam suas chances de vitória. Seus suplentes são os vereadores Roberto
Robaina (PSOL) e Fátima Maria (PT), com os quais fará um mandato coletivo.
Na condição de prefeito e governador, implantou o Orçamento Participativo, marca registrada das gestões petistas. No governo, criou programas para combater a desigualdade, fundou a UERGS, universidade estadual pública e enfrentou uma campanha midiática sem trégua durante quatro anos. O atrito chegou ao máximo quando a Ford abandonou o estado,
e atraída pelas benesses oferecidas, rumou para a Bahia. Em 2021, porém, a Ford também abandonaria a Bahia e o Brasil.
Olívio trouxe de volta à campanha seu fraseado com forte sonoridade gaúcha e seus bordões característicos. Um exemplo: “Queremos que o povo não seja o objeto, mas o sujeito da história”.
Mourão
“O verdadeiro candidato da direita”
Vice-presidente da República, o general Hamilton Mourão, 69 anos, concorre pelo Republicanos, partido vinculado à Igreja Universal do Reino de Deus.
“Tenho procurado me apresentar como o verdadeiro candidato da direita”, já disse em entrevista, ciente de que sua adversária no mesmo campo é Ana Amélia.
É um perfil que costuma enfatizar. Em 2020, entrevistado no programa ConflictZone, da TV alemã Deustche Welle, defendeu o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra. “Homem de honra”, definiu.
Gaúcho de Porto Alegre, viveu muitos anos no Rio. Os adversários atentam para seu sotaque carioca e a máscara do Flamengo, seu clube do coração. Sua concorrente repisa na propaganda que o eleitor deve “votar em quem conhece”.
De prosa fácil, já andou tropeçando nas frases, sobretudo em 2018, quando criticou o 13º Salário que chamou de “jabuticaba” ou quando afirmou que casas chefiadas por mulheres são “fábricas de desajustados”.
Na campanha atual, enfatiza a defesa dos “valores cristãos e da família”, além da liberdade econômica. Promete, se eleito, trabalhar para renegociar o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) assinado pelo governo Eduardo Leite
(PSDB).
Ana Amélia
Criticando o STF e piscando para os bolsonaristas
Rosto conhecido graças à décadas de exposição na RBS TV, a jornalista Ana Amélia Lemos, 77 anos, quer retornar ao Senado em 2022. Trocou de partido, deixando o PP, onde fez carreira, pelo PSD. Foi vice na chapa de Geraldo Alckmin, então no PSDB, em 2018. Não deu certo. Assumiu, então, uma secretaria no governo de Eduardo Leite.
Tradução do seu poderio no Sul, a RBS sempre elegeu ex-funcionários de confiança para o Senado Federal. Primeiro, Sérgio Zambiasi (PTB), depois a própria Ana Amélia e atualmente Lasier Martins (Podemos), agora em fim de mandato.
Natural de Lagoa Vermelha, sua atuação no Senado sempre teve mais repercussão regional do que nacional. Em dois raros momentos gerou certa controvérsia que ecoou pelo país. Primeiro quando votou o impeachment de Dilma Rousseff no Senado envergando um chamativo traje verde-amarelo e, depois, ao elogiar os ataques com paus e pedras à caravana de Lula em 2018. Criticada, recuou desse escorregão e se disse arrependida.
Na interpretação das pesquisas de opinião, Mourão será o principal obstáculo para Ana Amélia avançar no voto à direita. E o contrário também é verdadeiro. Piscando para os eleitores bolsonaristas, critica o STF e exalta o agronegócio. Mas também desaprova o “Orçamento Secreto” que distribui dinheiro a rodo para os deputados, sobretudo aqueles que apoiam o presidente.