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Política

EM EVENTO COM LULA, COOPERATIVAS DEFENDEM ECONOMIA SOLIDÁRIA NO COMBATE À FOME E AO DESEMPREGO

Ex-presidente defendeu que o Estado garanta condições para a construção de uma "alternativa" ao modelo econômico atual

Publicada em 15/09/2022 às 08:57h

Brasil de Fato


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Marina
cresol

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 (Foto: foto reprodução)

A União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias (Unicopas) entregou, nesta quarta-feira (14), ao presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a "Plataforma de ações estratégicas do cooperativismo solidário". O documento reúne propostas para a construção de um modelo econômico alternativo aos modelos de produção atuais, a partir da economia solidária e do cooperativismo, para solucionar problemas atuais, como o desemprego e a fome.

No evento, lideranças cooperativistas defenderam a construção de um conjunto de políticas e programas que levem em consideração a distribuição de riqueza, a valorização do ser humano e o respeito ao meio ambiente, tendo como base as cooperativas de agricultores familiares.

Sandra Nespolo Bergamin, dirigente da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), disse que "é somente através da organização em cooperativa" que será possível "conseguir uma nova sociedade, mais justa, mais fraterna e mais inclusiva".

Para isso, ela afirma que "os agricultores e as agricultoras familiares organizadas nas cooperativas da agricultura familiar e nas cooperativas de economias solidárias do Brasil necessitam de uma proposta diferenciada, e o documento da plataforma traz esse diferencial e retrata esta diferença e a importância de ter políticas públicas que venham ao encontro das necessidades das pessoas".

Nessa mesma linha, Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que também esteve no evento, defendeu que as cooperativas e as organizações de economia solidária "são partes estratégicas da retomada" econômica, a partir da geração de empregos e da produção de alimentos saudáveis para o mercado interno.

"A maior parte dessas cooperativas são ligadas à própria produção de alimentos. Nós estamos aqui com cooperativas que produzem comida de verdade, sem veneno, agroecológica. Por isso, eles [cooperados] vão ajudar a garantir um aumento da produção de comida de verdade, o que vai ser fundamental nesse processo de combate à fome."

Por isso, é necessário "fortalecer a agricultura familiar, com crédito, assistência técnica, programas de compras públicas, como é o PAA, e retomar os conselhos de participação social", afirmou Campello ao Brasil de Fato.

Papel do Estado

Em um tom de promessa, o ex-presidente Lula reforçou durante o evento que é papel do Estado garantir que a sociedade possa construir uma "alternativa" aos modelos de produção atuais, que já não conseguem absorver todo o contingente de trabalhadores.

"A gente já não vê mais aquelas fábricas gerando milhares e milhares de empregos. Com os avanços tecnológicos, tudo mudou e nós temos que repensar o que fazer da vida. Na minha opinião, a economia mundial não vai voltar a gerar aquela quantidade de emprego", afirmou o petista.

É nesse contexto, afirma Lula, que "o Estado precisa fazer com que as pessoas tenham oportunidade de criar a forma de se organizar, de fazer a própria economia. O papel do Estado é alavancar para que eles [cooperados] comecem a produzir de verdade e a fazer a economia de uma cooperativa voltar a crescer. Eu sonho que a gente vai fortalecer esse país com a economia cooperativa, porque nós vamos colocar recursos para alavancar esse novo modelo que leva em conta a criatividade do ser humano".

Propostas 

As 51 páginas da plataforma incluem propostas a partir de três pontos principais: crédito para investimento, crédito para capital de giro e organização social. Entre as propostas, estão a criação do Programa Brasil Trabalha, que deve coordenar o processo de "desenvolvimento de estratégias de formação, assessoria técnica e fomento à formação de Cooperativas de Trabalho, como estratégia central, na constituição de portas de saída das políticas sociais e prioridade de contratação em obras e contratos públicos".

As cooperativas também propõem a construção do programa Formação Profissional e Cidadã, com vistas à formação de cooperativistas urbanos e ruais em gestão, contabilidade, administração e outros, tendo como público preferencial jovens e mulheres.

Outra proposta é a constituição de fundos específicos dentro dos fundos constitucionais (Fundo de Financiamento do Centro-Oeste – FCO; Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste – FNE; Ficha de Cadastro Nacional de Empresas – FCN).

Para as cooperativas de regiões não atendidas, a plataforma propõe a criação de um fundo específico dentro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"Nós nos propomos, com essa plataforma, chegar ao governo e propor a organização da sociedade civil, principalmente no que tange ao desemprego e à fome, para a agricultura familiar ser uma grande referência em produção de comida e a organização social no meio urbano para receber essa comida", afirma Francisco Dal Chiavon, presidente da Unicopas.

"Nós entendemos que a reestruturação da Conab [Companhia Nacional do Abastecimento] e a viabilidade das políticas públicas, como o PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar] e o PAA [Programa de Aquisição de Alimentos], são instrumentos importantes para gente avançar organização social e ajudar a resolver esses problemas que nós temos na sociedade."

A Unicopas reúne cerca de duas mil cooperativas de diferentes ramos, como a Confederação das Cooperativas da Reforma Agrária do Brasil (CONCRAB), União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), União Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (UniCatadores) e Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (Unisol).

Edição: Nicolau Soares




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