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Entenda por que a Argentina deixou de ser um destino barato para turistas brasileiros

Entre 2022 e 2023 desvalorização do peso em relação ao real favoreceu as viagens ao país vizinho. De lá para cá, no entanto, contexto econômico se alterou

Publicada em 07/01/2025 às 15:13h

Gaúcha ZH


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Marina
cresol

Entenda por que a Argentina deixou de ser um destino barato para turistas brasileiros
Caminito, em La Boca, é destino comum de turistas em Buenos Aires. Bernardo Galmarini / stock.adobe  (Foto: foto reprodução)

Em um cenário com dólar em alta no Brasil e peso menos enfraquecido, a Argentina é um destino menos atrativo para turistas brasileiros em comparação com um passado recente. O poder de compra de quem recebe em reais reduziu, em uma economia dolarizada e que, mesmo com desaceleração da inflação, ainda oferece serviços e produtos com preços pressionados na esteira de consecutivas crises econômicas.

Nos últimos anos, principalmente entre 2022 e 2023, era comum ver relatos nas redes sociais de brasileiros mostrando as vantagens de visitar a Argentina em um cenário com real mais valorizado ante o peso. Neste momento, com dólar forte no Brasil e peso em recuperação, passar alguns dias no país vizinho ficou mais salgado. Por outro lado, argentinos com maior poder aquisitivo encaram o Brasil como um destino mais acessível.

 

Preços pressionados

O professor da Escola de Gestão e Negócios da Unisinos Robson Ávila afirma que a perda de atratividade da Argentina para os turistas brasileiros neste momento responde, principalmente, a dois fatores. Além da diferença de valorização entre as moedas dos dois países ao longo do ano, o contexto econômico e inflacionário também pesa nos custos: 

— Passa justamente por conta da perda de valor da nossa moeda frente ao dólar. E a Argentina, por ser um país muito dolarizado, fica mais cara em relação ao Brasil. Também tem um outro efeito associado à economia real, muito mais do que a economia monetária e financeira, que é um aumento generalizado dos preços. Como está mais caro para os argentinos, também fica mais caro para quem vai para a Argentina, para o turista.

Mesmo desacelerando nos últimos meses, a inflação no país vizinho ainda continua na casa dos três dígitos, acumulando alta de 112% no ano até novembro e 166% na comparação anual, segundo dados do instituto de estatísticas argentino Indec. 

— A própria inflação na Argentina continua alta. Desacelerou bastante, claro, mas mesmo assim tá fechando com uma alta muito forte — reforça o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

Nesse sentido, Agostini afirma que os custos para uma viagem familiar para a Argentina são diferentes neste momento comparado ao mesmo período do ano passado, o que diminui o número de turistas brasileiros. 

Dados da plataforma Numbeo, um banco de dados colaborativo que mostra o custo e a qualidade de vida em diversos locais no mundo, dão uma noção dos custos elevados em Buenos Aires atualmente (veja no gráfico).

 

Mudança de cenário

Na arrancada do governo, em dezembro de 2023, o presidente Javier Milei desvalorizou o peso em 54% para atrair dólares e aproximar a cotação oficial das avaliações do mercado. Com o controle sobre o câmbio, a gestão do presidente argentino conseguiu segurar a flutuação do peso, mantendo a moeda argentina estável mesmo com inflação ainda na casa dos três dígitos. Com isso, mesmo com perda nominal, o peso apresenta valorização em termos reais.

No Brasil, o caminho é inverso, com dólar avançando sobre o real no último ano, estacionando na casa dos R$ 6. Olhando apenas valores nominais, o dólar fechou 2024 com alta acumulada de 27% no Brasil.

Portanto, para o brasileiro fica mais caro consumir na Argentina, onde a economia é dolarizada, mesmo que o peso ainda esteja muito abaixo do real. Na outra ponta, os argentinos com maior poder aquisitivo e dólares gastam menos no turismo no Brasil, onde a moeda americana vale ainda mais ante o real atualmente em comparação com um ano atrás, segundo o professor Ávila. Em alguns casos, a viagem dos vizinhos pode ficar mais barata do que o turismo no próprio país nesse contexto.

Em termos reais, o peso argentino foi a moeda que mais se fortaleceu em 2024, com valorização de 44,2%, considerando a inflação, segundo levantamento da consultoria GMA Capital, publicado pelo Financial Times. O dado também leva em conta uma série de parceiros comerciais de Buenos Aires. A pesquisa mostra ainda que o real teve o pior desempenho entre as moedas comparadas, com desvalorização acima dos 10% em meio à disparada do dólar.

 

Queda no turismo

Dados do Indec mostram que o número de turistas na Argentina caiu 19,2% em novembro de 2024 ante o mesmo mês de 2023. Por outro lado, o número de argentinos viajando para fora do país cresceu 43,2%. Levando em conta apenas o Brasil, a queda de turistas em terras vizinhas é de 1,3% em novembro. Já o número de argentinos vindo para o Brasil subiu 19,4%.

O presidente da Associação das Agências de Viagens do Rio Grande do Sul (Abav-RS), João Augusto Machado, afirma que, além das questões econômicas, o Estado tem questões particulares que afastam alguns turistas da Argentina: 

— Teve um aquecimento um, dois anos atrás, quando a nossa moeda estava muito valorizada perante o peso. Se tornava muito atraente ir pra Argentina. As pessoas iam para fazer refeições, comprar vinho. Agora, associado a esse aumento do dólar, à inflação deles, à questão de a gente não ter voos diretos ainda, desde a enchente, reflete numa dificuldade que a gente realmente teve de voltar a vender a Argentina.

Nesse contexto de dólar em alta, Machado afirma que a América do Sul não é um dos destinos mais desejados pelos turistas brasileiros. A maioria dos clientes opta por ir para regiões do Caribe ou dos Estados Unidos, mesmo diminuindo os dias de estadia e o nível da hospedagem para a viagem caber no bolso.




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