Após oscilar nos últimos meses, a indústria de máquinas e equipamentos voltou a apresentar alta nas exportações. As vendas externas desse segmento cresceram 61,2% em setembro deste ano ante o mesmo mês de 2023. Além de representar o maior avanço do ramo em 2024, nesse recorte interanual, o salto teve peso importante dentro do movimento de alta dos embarques da indústria como um todo no período, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).
Apetite inabitual da Coreia do Sul por produtos específicos é um dos principais fatores que explicam esse aquecimento, segundo representantes do setor.
Levantamento da Fiergs aponta que o segmento de máquinas e equipamentos faturou US$ 255,2 milhões nas exportações em setembro. Esse montante representa US$ 96,9 milhões a mais do que o total observado no mesmo mês do ano passado. Em valores absolutos, esse foi o maior montante para exportações para um mês de setembro nesse grupo. Em termos de variação percentual interanual, é o segundo maior desde 2011.
Apesar da alta expressiva no mês, uma lupa sobre os dados da Fiergs mostra que a maior parte do avanço do grupo não veio da área de máquinas robustas, mas sim de equipamentos específicos, como distribuidores e dosadores de sólidos ou líquidos, trocadores de calor, e aparelhos para filtrar e depurar gases. A Coreia do Sul foi o principal comprador desses itens da indústria gaúcha, movimento atípico, segundo a federação. Sem esses departamentos, máquinas e equipamentos apresentariam resultado negativo em setembro.
Isso só demonstra a qualidade das nossas indústrias do Rio Grande do Sul. Exportar para a Coreia do Sul, que é um país exportador, que tem tecnologia avançada, é um negócio excepcional. Acho que isso aí só vai engrandecer a nossa indústria.
Presidente da Fiergs
Hernane Cauduro, diretor-conselheiro da Associação Brasileira de Indústria de Máquinas e Equipamentos do Rio Grande do Sul (Abimaq-RS), afirma que esse grande volume de embarques de equipamentos para a Coreia do Sul pode mostrar um novo filão identificado pelo setor:
— Não posso afirmar com 100% de certeza, mas parece ser um nicho novo de mercado, porque é uma coisa bem específica. Não são máquinas, são equipamentos, trocadores de calor para a indústria, dosadores e equipamentos para filtragem. Provavelmente uma abertura nova de mercado, que foi encontrada pela indústria aqui do Estado.
A reprise desse movimento nos próximos meses ainda é incerta, segundo especialistas e integrantes da indústria, que destacam a necessidade de um período de tempo maior para uma análise mais aprofundada.
Na mesma comparação, setembro contra setembro do ano anterior, as exportações da indústria de transformação gaúcha apresentaram expansão de 23,2%. Além de máquinas e equipamentos, o resultado foi puxado pelos ramos de Alimentos (13,8%) e Tabaco (50,2%) — dois líderes em participação dentro do bolo de vendas externas do setor.