O candidato oposicionista de extrema direita Javier Milei surpreendeu e foi o mais votado nas eleições primárias da Argentina, realizadas neste domingo (13). As propostas econômicas, que podem botar fogo na política monetária argentina, adicionaram incerteza ao cenário eleitoral e preocupam o mercado financeiro.
São muitas as promessas polêmicas do candidato nas mais variadas esferas, mas, na economia, destacam-se a adoção do dólar como moeda oficial do país e o fechamento do Banco Central argentino.
O impacto começou nesta segunda-feira (14) com o chamado "pré-mercado" de Wall Street, que mostrou os títulos argentinos caindo até 12%.
O dólar blue, conhecido como câmbio paralelo da Argentina, que havia fechado em 605 pesos na sexta-feira, antes das eleições, abriu o dia na casa dos 670 pesos, em alta de cerca de 10%. Essa é uma nova mínima histórica do dólar paralelo, que havia chegado a 610 na quinta-feira passada.
Além disso, o banco central da Argentina desvalorizou nesta segunda-feira o peso em quase 18% e fixou a taxa de câmbio oficial em 350 pesos por dólar, segundo a agência Reuters. A fonte disse ainda que o câmbio será fixado nessa taxa até a votação presidencial de outubro.
Por fim, o mercado de ações da Argentina caía com força no início dos negócios desta segunda-feira devido às vendas de urgência após o resultado das primárias. O principal índice de ações S&P Merval .MERV caía 3,5%, para 463.471 pontos.
O cenário já era de completa incerteza, mas a vitória de Milei nas prévias adicionou fervura à sucessão argentina.
"Não deixem que me culpem pelo problema do dólar", disse Milei ao jornal El Clarín. O candidato afirmou ainda que sua proposta de dolarização é feita para pessoas que entendem de teoria monetária e "não para burros".