A Coreia do Norte deve estar pronta para lançar contra-ataques nucleares a qualquer momento para impedir uma guerra, disse o líder Kim Jong Un, segundo a mídia estatal, nesta segunda-feira (20), ao acusar os Estados Unidos e a Coreia do Sul de expandir exercícios militares conjuntos perto da fronteira com o país.
As observações de Kim vieram depois de “guiar” exercícios táticos combinados de unidades operacionais simulando um contra-ataque nuclear contra os inimigos da Coreia do Norte no fim de semana, que ele descreveu como tendo “melhorado muito a capacidade real de guerra das unidades”, de acordo com a mídia estatal KCNA.
Um míssil balístico norte-coreano equipado com uma falsa ogiva nuclear lançado no domingo (19) voou cerca de 800 quilômetros antes de atingir um alvo a uma altitude de 800 metros no cenário de um ataque nuclear tático.
Os exercícios permitiram que as tropas norte-coreanas se “familiarizassem com quaisquer circunstâncias inesperadas e as tornassem mais perfeitamente preparadas em sua postura ativa de fazer um contra-ataque nuclear imediato e esmagador [a] qualquer momento”, disse Kim, segundo a KCNA.
Kim, que apareceu em imagens da mídia estatal ao lado de sua filha, Kim Ju Ae , disse ser “muito importante organizar e conduzir continuamente tais exercícios sob as condições simuladas de uma guerra real”.
Ju Ae, que se acredita ter cerca de 9 anos, foi repetidamente fotografada ao lado de seu pai em lançamentos de mísseis nos últimos meses.
A Coreia do Norte é governada como uma ditadura hereditária desde sua fundação em 1948 por Kim Il Sung.
Seu filho, Kim Jong Il, assumiu após a morte de seu pai em 1994. E Kim Jong Un assumiu o poder 17 anos depois, quando Kim Jong Il morreu.
A revelação da Coréia do Norte de sua simulação de contra-ataque nuclear ocorreu depois que bombardeiros estratégicos dos EUA participaram de exercícios aéreos conjuntos com forças sul-coreanas no domingo como parte do “Escudo da Liberdade”, os maiores exercícios militares conjuntos dos dois países.
Os exercícios conjuntos incluíram bombardeiros estratégicos B-1B dos EUA, caças furtivos F-35A da Força Aérea da Coreia do Sul e caças F-16 da Força Aérea dos EUA.
A Coreia do Norte aumentou os lançamentos de mísseis em protesto contra os exercícios de guerra conjuntos entre EUA e Coreia do Sul, disparando mísseis submarinos antes dos exercícios.
Kim acusou os EUA e a Coreia do Sul de expandir exercícios militares conjuntos envolvendo ativos nucleares americanos e afirmou que seus inimigos estão ficando “cada vez mais pronunciados em seus movimentos de agressão”, o que levou seu apelo à Coreia do Norte para “reforçar exponencialmente sua dissuasão de guerra nuclear”, disse a KCNA.
O exercício de contra-ataque nuclear de dois dias da Coreia do Norte foi dividido em um exercício para gerenciar o sistema de controle de ataque nuclear, incluindo treinamento para assumir uma “postura de contra-ataque nuclear” e outro exercício para “lançamento de míssil balístico tático com uma ogiva nuclear simulada”, informou a KCNA.
Kim Dong-yub, professor da Universidade de Estudos Norte-coreanos e ex-comandante da marinha sul-coreana, disse que os últimos exercícios da Coreia do Norte parecem ser “bastante específicos e sofisticados” em comparação com a série de testes conduzidos em setembro e outubro do ano passado.
“Isso mostra que a Coreia do Norte está desenvolvendo sua estratégia nuclear, doutrina de operação nuclear e sistema de comando nuclear”, disse ele.