O diplomata Flávio Macieira desembarcou na Venezuela nesta quarta-feira (18) para desempenhar as funções de encarregado de negócios do Brasil no país.
Essa é a primeira vez que o governo brasileiro tem um representante diplomático em território venezuelano desde 2020. Na ocasião, o então presidente Jair Bolsonaro fechou todas as sedes diplomáticas e rompeu relações com o país vizinho.
O objetivo de Macieira nessa primeira visita é avaliar e coordenar a reabertura da embaixada e dos consulados brasileiros no país, já que os edifícios foram abandonados pelos funcionários durante a gestão do ex-chanceler Ernesto Araújo, por orientação de Bolsonaro.
Em Caracas, capital venezuelana, o diplomata foi recebido pelo vice-chanceler da Venezuela para América Latina, Rander Peña, com quem realizou a primeira reunião bilateral.
"Em nome do presidente Nicolás Maduro e do chanceler Yvan Gil, demos as boas vindas a Flávio Macieira, que exercerá as funções de encarregado de negócios do Brasil na Venezuela. Nossos países avançam a passo firme na normalização das relações bilaterais", disse Peña.
Macieira é diplomata de carreira do Itamaraty e já foi embaixador do Brasil na Nicarágua, Noruega e Panamá. Ainda não há data oficial para a reabertura das sedes e para a nomeação de um embaixador brasileiro no país vizinho, mas a expectativa da diplomacia venezuelana é de que o processo seja rápido e que as relações sejam normalizadas o mais breve possível.
Caracas, por sua vez, já nomeou um novo embaixador no Brasil. O diplomata Manuel Vadell, que já havia exercido a função de cônsul do país em São Paulo, foi escolhido pelo presidente Nicolás Maduro ainda em dezembro do ano passado, e agora deve ser aprovado pela Assembleia Nacional venezuelana para assumir o posto diplomático em Brasília.
Desde que ganhou as eleições, Lula e sua equipe já vinham anunciando as intenções de retomar as relações com a Venezuela. Após a cerimônia de posse, o presidente do Parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez, que estava em Brasília representando o país no evento, participou de um ato simbólico de reabertura da embaixada da Venezuela ao lado de movimentos populares que barraram a invasão da sede diplomática em 2019.
As ações diplomáticas de Caracas e Brasília e o encerramento do "governo interino" de Juan Guaidó marcam o fim da política diplomática hostil do Brasil com a Venezuela e de reconhecimento de mandatos paralelos da oposição adotado durante o governo Bolsonaro.