O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já desde o anúncio de sua eleição, desenhava o trajeto de sua primeira viagem oficial ao exterior. As indicações iniciais é que Argentina, China e Estados Unidos seriam os primeiros destinos de Lula em seu terceiro mandato. Agora, no contexto das mensagens de apoio internacionais que recebe, a viagem vai ganhando forma mais concreta.
Dessa forma, Lula retoma a tradição existente desde 1989 de presidentes brasileiros viajarem primeiro a Buenos Aires - algo que foi interrompido pela gestão anterior, quando Bolsonaro foi aos EUA durante a gestão de Donald Trump, no início de 2019.
Na capital argentina, Lula irá participar da cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), prevista para acontecer nos dias 23 e 24 de janeiro. O convite foi feito logo após a vitória de Lula no segundo turno, no dia 31 de outubro, quando Fernández viajou pela primeira vez ao Brasil para felicitar o presidente eleito.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira assegurou, na ocasião de seu primeiro discurso, já em janeiro, que o Brasil voltaria a ingressar no bloco regional para fortalecer as relações com os vizinhos latino-americanos.
"Teremos uma volta a esses organismos, mas com olhar novo, porque o mundo mudou. Será olhar novo, construtivo, com solidariedade, visando sempre a colaboração entre países em desenvolvimento", afirmou Vieira.
Já nesta segunda (9), a Celac publicou uma nota em respaldo ao presidente Lula e repudiando a invasão da sede dos Três Poderes em Brasília, destacando a confiança na democracia brasileira.
"O comunicado conjunto entre os Três Poderes demonstra que a violência de uns poucos não pode se impor sobre a convivência pacífica do povo brasileiro" diz a nota. "Está claro que a democracia se fortalece com mais integração, mais desenvolvimento e mais institucionalidade", complementa o comunicado assinado por Alberto Fernández.
Da mesma maneira, o presidente argentino, que também ocupa a presidência pró-tempore do Mercosul, utilizou o organismo de integração sul-americana para manifestar apoio ao governo constitucionalmente eleito no Brasil.
"O Mercosul é um projeto solidário de paz, união e desenvolvimento comum, no qual não há espaço para os violentos que maltratam a democracia instalando discursos de ódio", publicou.
Uma nova relação com os EUA?
Em seguida, o presidente deve viajar aos Estados Unidos para reunir-se com Joe Biden. Vieira já havia discutido a agenda da visita à Casa Branca numa conversa telefônica com o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, na terça-feira (3).
Já nesta segunda (9), por ocasião dos atos golpistas do domingo (8), Joe Biden reforçou por meio de conversa telefônica o apoio ao presidente eleito brasileiro, contra os ataques da extrema direita bolsonarista. No comunicado conjunto das duas chancelarias, estava o registro de que "o presidente Biden convidou o presidente Lula a visitar Washington no início de fevereiro para consultas aprofundadas sobre uma ampla agenda comum". Lula aceitou oficialmente o convite.
Por fim, em março, Lula deve viajar à China, maior sócio comercial do Brasil, e, em abril, deve reunir-se com o presidente português, Marcelo Rebelo em Lisboa, para acompanhar a entrega do prêmio Camões de Literatura a Chico Buarque.
Assista ao vídeo: China: maior aliado da América Latina?
O primeiro-ministro de Portugal, Antonio Costa, fez questão de conversar com o presidente Lula da Silva por telefone, na última segunda (9), para expressar seu repúdio aos atos terroristas em Brasília e iniciar os diálogos para sua primeira reunião, prevista para os dias 23 e 24 de abril, na capital portuguesa.
"Falei hoje com o Presidente Lula a quem expressei a nossa solidariedade e reiterei a condenação dos atos violentos e antidemocráticos que ocorreram ontem em Brasília", disse.