O Ministério do Ensino Superior do Afeganistão decidiu proibir a presença de estudantes mulheres nas universidade do país na terça-feira (20). Em março, o Talibã, o grupo que governa o país, já havia barrado a presença de meninas em escolas secundárias.
Antes dessa mais nova medida, as mulheres nas universidades já enfrentavam dificuldades como salas separadas e restrições sobre os professores que poderiam ministrar aulas.
"Eles destruíram a única ponte que poderia me conectar com meu futuro", disse uma estudante da Universidade de Cabul para a BBC. "Como posso reagir? Eu acreditava que poderia estudar e mudar meu futuro ou trazer luz para minha vida, mas eles a destruíram."
Relatos nas redes sociais indicam que estudantes do sexo masculino protestam contra a decisão Ministério do Ensino Superior do Afeganistão. De acordo com Shabnam Nasimi, ex-assessora do Ministério dos Refugiados do Reino Unido, os estudantes abandonaram provas em protesto e professores deixaram seus cargos
A medida foi alvo de críticas dentro e fora do país. O ex-líder do Alto Conselho de Reconciliação Nacional, Abdullah Abdullah, publicou em suas redes sociais que a educação é "um dos direitos fundamentais e básicos de todos os cidadãos".
"Privar as meninas desse direito é lamentável. Embora todos os cidadãos do país apoiem a educação de meninas, eu, como cidadão, espero e peço que a decisão de fechar escolas e universidades para meninas seja reconsiderada", escreveu Abdullah.
Os Estados Unidos, que ocuparam o Afeganistão por mais de duas décadas, inclusivo sob a acusação de que suas forças militares cometeram crimes de guerra, também se pronunciaram sobre o assunto.
"Os Estados Unidos condenam veementemente esta posição absolutamente indefensável. O Talibã não pode esperar ser um membro legítimo da comunidade internacional até que respeite os direitos de todos os afegãos, especialmente os direitos humanos e as liberdades fundamentais de mulheres e meninas", afirmou o o embaixador dos EUA na ONU, Robert Wood, em reunião do Conselho de Segurança.
A Human Rights Watch classificou a decisão das autoridades afegãs como "vergonhosa" e viola o "direito à educação de mulheres e meninas no Afeganistão".