A Copa do Catar chega ao seu quarto dia sem frustrar quem esperava controvérsia política. Nesta quarta-feira (23), a Alemanha pode ter decepcionado em campo - derrota de virada pra o Japão por 2x1 - mas fez questão de dizer que estava sendo censurada pela Fifa.
São raras manifestações de países contra a entidade máxima do futebol, ainda mais em sua estreia no maior torneio do esporte. Mas a foto antes do jogo do time alemão é compreensível para qualquer ser humano do planeta.
A questão é a braçadeira 1Love. Em setembro, 10 seleções europeias disseram que pretendiam usá-la, como sinal de apoio à comunidade LGBTQIA+, especialmente em um Mundial disputado num país em que a homossexualidade é crime. Mas a Fifa não gostou e ameaçou com cartões amarelos quem usasse a "perigosíssima" faixa com a mensagem traduzida como "um amor".
Sem arriscar prejuízo esportivo, tapar a boca com as mãos foi a forma do time não aceitar calado a censura homofóbica.
Mas não foram apenas os jogadores alemães que protestaram. Das arquibancadas, a ministra do Interior alemã, Nanncy Fraeser, ostentou a polêmica braçadeira com orgulho, além de roupas confortáveis. Uma raridade nos estádios cataris, em que o público é majoritariamente masculino.
E, claro, nem todo mundo gostou. O jornalista local Mohammed Alkaabi (popular, com quase meio milhão de seguidores) ironizou a iniciativa, sugerindo que ela teria distraído o time a ponto de perder para os japoneses. "Isso que acontece quando você não foca no futebol", destilou ele sua homofobia em inglês.
Atitude semelhante foi tomada pelos jogadores da seleção inglesa. Em sua estreia, na segunda-feira (21), eles se ajoelharam no campo em protesto, repetindo o gesto popularizado pelo jogador da liga de futebol americano nos EUA (NFL), Colin Kaepernick. O capitão Harry Kane, ameaçado pela FIFA de sofrer sanções caso usasse uma braçadeira com as cores da bandeira LGBTQIA+, de joelhos, levantou o braço esquerdo.
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Terça-feira
O terceiro dia da Copa teve uma polêmica inusitada: o jornalista Victor Pereira que está cobrindo o evento teve a bandeira de Pernambuco tomada pelas autoridades locais, que a confundiram com a bandeira LGBTQIA+. A situação não é apenas ridícula. Pereira chegou a perder sua credencial. Ele falou ao programa Central do Brasil, da Rede de Comunicadores dos Movimentos Populares.