Nesta quinta-feira (3), a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou por 185 votos a favor, dois contrários e duas abstenções, a resolução que pede o fim do bloqueio econômico dos Estados Unidos contra Cuba. Há 30 anos, o governo cubano apresenta um relatório sobre os impactos do embargo na olha caribenha para o pleno da ONU. Somente Estados Unidos e Israel votaram contra o documento, enquanto a Ucrânia e o Brasil se abstiveram. Em 2021, a diplomacia brasileira havia adotado a mesma postura.
Em 60 anos de bloqueio econômico imposto pelos EUA, Cuba acumula US$ 154 bilhões em prejuízos, de acordo com o documento. "São danos injustificáveis ao bem-estar do povo cubano e é contrário aos interesses de paz do povo latino-americano", destacou a embaixadora argentina, María del Carmen Squeff, representando a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC).
"Trata-se de um castigo coletivo, cujos efeitos são claros crimes de lesa humanidade", disse o diplomata venezuelano, Joaquín Pérez Ayestarán.
"Irã e Cuba estão pagando o preço por sua resistência, oposição e independência diante das políticas colonialistas dos Estados Unidos", declarou o representante iraniano.
Já a China defendeu que sejam proibidas todas as medidas de pressão econômica. "Apelamos pelo fim das sanções e votamos uma vez mais a favor desta resolução", defendeu Li Baorong.
"Washington está tentando criar uma doutrina Monroe de alcance global convertendo as sanções ilegais multilaterais em instrumento coercitivo", disse o diplomata russo Boris Bondarev.
Além do respaldo do pleno da ONU, 18 ex-presidentes latino-americanos escreveram uma carta apelando à Casa Branca pelo fim do bloqueio. Entre os signatários estão a ex-presidenta Dilma Rousseff, o boliviano Evo Morales e os colombianos Ernesto Samper e Juan Manuel Santos.
O embargo total foi oficialmente imposto no dia 3 de fevereiro de 1962 pelo então presidente John F. Kennedy, como represália pela revolução socialista de 1959. De lá pra cá, o bloqueio contra a ilha tornou-se uma política de Estado dos EUA, que é recrudescida com o passar dos anos. Durante a administração de Donald Trump foram impostas 243 medidas coercitivas unilaterais, incluindo travas para estadunidenses que queiram realizar turismo na nação caribenha.
Entre as medidas do embargo está a proibição de que Cuba comercialize com o dólar a nível internacional e que adquira tecnologia ou equipamentos com mais de 10% de componentes fabricados nos EUA.
Somente durante os 14 meses de gestão de Joe Biden, os prejuízos acumulam US$ 6,3 bilhões, segundo o governo cubano. Entre janeiro e julho do ano passado, no auge da pandemia de covid-19, a média de perdas diárias foi de US$ 12 milhões.