A extrema direita saiu vitoriosa nas eleições legislativas deste domingo (25) e se consolida no poder na Itália. De acordo com as pesquisas de boca de urna, o partido Irmãos da Itália (FdI) deverá obter 24,6%. As siglas populistas de direita, que apoiam o FdI, Liga e Força Itália, tiveram 8,5% e 8% dos votos, respectivamente.
Com isso, a aliança deverá ter entre 41% e 45% dos votos e pode obter maioria nas duas casas e governar sem precisar de acordos com outras forças políticas.
O Partido Democrático (PD), de centro direita, reuniu 19% dos votos. Em seguida, aparece o Movimento Cinco Estrelas (M5S), com 16,5%. Desta forma, Giorgia Meloni, candidata à primeira-ministra pelo "Irmãos da Itália" poderá ser a primeira mulher a ocupar o cargo de premiê. As eleições foram convocadas após a renúncia de Mário Draghi, do Partido Democrático, em julho deste ano.
A participação foi de 63,8% do total de 51 milhões de eleitores, a menor da história. Após uma reforma na legislação eleitoral, em 2020, aproximadamente 2,7 milhões de italianos e italianas votaram pela primeira vez. Desde 1992 a participação eleitoral vem diminuindo, chegando a 73% nas eleições de 2018.
Além de definir quem será o novo chefe de governo, os italianos deveriam votar para eleger 600 representantes entre deputados e senadores.
Segundo a legislação italiana, o parlamento é eleito através de um sistema misto de método proporcional e majoritário. São 400 legisladores na Câmara de Deputados e 200 no Senado. A lei estabelece que dois terços das cadeiras são ocupadas de maneira proporcional à votação dos partidos, que definem suas listas de candidaturas previamente, e o restante é definido de forma majoritária de acordo com a eleição por distrito: quem recebe mais votos é eleito. Dessa maneira, a eleição da Câmara é definida segundo os resultados nacionais, já para o Senado se analisa a votação por região.
Ainda há 12 assentos que são compostos por cidadãos italianos residentes no exterior. Dois brasileiros com dupla cidadania disputaram as eleições ao Senado: o ex-piloto de Fórmula 1, Emerson Fittipaldi, pela legenda Irmãos de Itália, e o ex-ministro e embaixador na Itália, Andrea Matarazzo, pelo Partido Socialista.
Ao todo, 34 organizações políticas disputaram o processo. As eleições foram antecipadas por conta da renúncia do primeiro-ministro Mário Draghi, em julho, depois que o Movimento Cinco Estrelas decidiu abandonar a coalizão governamental, dois anos depois da posse. Em 76 anos, a Itália elegeu 67 governos.
Este é o melhor resultado de setores conservadores desde a derrota do fascismo na Itália com a II Guerra Mundial. Giorgia Meloni, candidata à primeira-ministra pelo "Irmãos da Itália", obteve apoio do ex-ministro Mateo Salvini (Liga) e do ex-premiê Silvio Berlusconi (Força Itália). O partido "Irmãos da Itália" foi fundado em 2012 e tem suas raízes no movimento neofascista.
Com o lema "tirar a Itália da crise", Meloni baseou sua campanha em propostas antiimigração, declarando que seu objetivo é proteger "Deus, a pátria e a família".
Os resultados oficiais devem ser divulgados na segunda-feira (26) e a primeira sessão legislativa com os novos deputados e senadores eleitos está prevista para 13 de outubro.