O governador Eduardo Leite classificou como inadmissível o assassinato de um preso dentro da Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan 3), no último sábado. Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, na manhã desta segunda-feira (25), o governador afirmou que episódios como este não serão admitidos nos presídios gaúchos e prometeu prioridade do governo do Estado na investigação dos fatos.
— Este fato, especificamente, merecerá e já está recebendo, desde os primeiros instantes, a total prioridade da nossa equipe da segurança pública e da Secretaria do Sistema Penal com as investigações tanto do lado administrativo, ou seja, dos procedimentos da penitenciária, da conduta dos servidores, de todas as condições em que isso aconteceu. É algo inadmissível. O que aconteceu não pode ser, não será, não é admitido e vai merecer, portanto, essa investigação rigorosa — disse Leite.
O detento assassinado, Jackson Peixoto Rodrigues, o Nego Jackson, 41 anos, havia sido transferido da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) para a Pecan como punição, para tentar deixá-lo em uma prisão que não tivesse acesso a redes de celular. Segundo Leite, a Pasc não está em condições adequadas de alta segurança, mas deve receber novo módulo que que garantirá o cumprimento desse objetivo.
— A Pasc é a nossa penitenciária de alta segurança, só que ela não estava nas condições adequadas para oferecer justamente esse isolamento. Ela terá 76 novas celas que vão ser entregues agora, no final do mês. Já estava programado antes deste fato a entrega deste novo módulo de alta segurança, com celas que garantirão o isolamento dos presos, inclusive com os bloqueadores de celulares que já estão instalados — disse Leite.
Questionado sobre a presença de presos ligados a grupos criminosos dentro da Penitenciária de Canoas, o governador explicou que isso se deve ao fato de o local ter bloqueadores de sinal de celular.
A Pecan, quando inaugurada, foi incluída no sistema prisional gaúcho com objetivo de ser uma prisão sem a presença de presos faccionados, o que foi alterado pelo governo do Estado nos últimos anos.
Duas investigações foram abertas para esclarecer as circunstâncias do assassinato de Nego Jackson. Ele foi emboscado por outro detento, que disparou sete tiros com uma pistola. Um dos inquéritos é do Departamento de Homicídios da Polícia Civil. O outro é administrativo, instaurado pela Polícia Penal, vinculada à Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo.
O autor dos disparos, Rafael Telles da Silva, o Sapo, foi preso em flagrante. Os dois detentos estavam em celas contíguas numa mesma ala, o que é incomum em se tratando de rivais. A suspeita é de que a pistola tenha sido lançada no pátio da penitenciária por meio de um drone, conforme o secretário responsável pelo tema, Luiz Henrique Viana, da Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo.
Leite disse ainda que a atuação das forças de segurança tem como foco isolar os líderes das facções para que eles não possam operar do presídio.