A Polícia Civil cumpriu, na manhã desta quarta-feira (13), mandados de busca e apreensão no gabinete e em endereços particulares do vereador afastado Pablo Melo (MDB), em Porto Alegre. A ação é desdobramento da Operação Capa Dura, que apura suspeitas de corrupção na Secretaria Municipal da Educação (Smed). Pablo é filho do prefeito Sebastião Melo (MDB), que não é investigado.
Por volta das 9h, agentes da 1ª Delegacia de Combate a Corrupção do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) chegaram à Câmara Municipal. Eles foram direto ao gabinete do vereador afastado, no segundo andar da Casa. A portas fechadas, ficaram cerca de 1h30 recolhendo provas para a investigação. Antes, estiveram ainda na casa do vereador, na Zona Sul da capital.
"É formação de prova. Na verdade, nós investigamos delitos licitatórios e, além dos delitos licitatórios, também supostamente lavagem de dinheiro, associação criminosa, corrupção ativa e corrupção passiva", explicou o delegado Max Otto Ritter.
Pablo Melo foi afastado do cargo por determinação da Vara de Lavagem de Dinheiro de Porto Alegre, por 180 dias. A suspensão de exercício da função pública "garante a integridade das investigações, afastando suspeitos de envolvimento nos ilícitos", segundo a polícia.
O g1 e a RBS TV entraram em contato com o vereador, que afirmou ter ficado surpreso com a decisão judicial do afastamento. "Confio na justiça e tenho certeza de que todos os fatos serão apurados o mais rápido possível. O maior interessado que isso aconteça sou eu", ainda disse em nota.
Entenda o caso:
A Polícia Civil investiga os supostos crimes de fraude licitatória, associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ativa na Smed.
O caso foi descoberto pelo GDI, que revelou em reportagens que, a partir de junho de 2023, houve um suposto desperdício de material escolar em depósitos e em escolas.
Na sequência, o GDI mostrou o suposto direcionamento de compras da Smed para um grupo econômico. Houve vendas de cerca de 500 mil livros didáticos e de literatura e de 104 laboratórios de ciências e matemática à Smed ao custo de R$ 43,2 milhões.
As negociações foram concretizadas entre junho e outubro de 2022. Conforme apuração da Polícia Civil, a suspeita é de que agentes públicos tenham se beneficiado com vantagens indevidas derivadas das negociações.