A produção gaúcha de grãos deve somar 35 milhões de toneladas na safra de verão 2024/2025. A colheita esperada indica alta de 16,9% em relação ao ciclo passado, que teve promessa de recorde comprometida pela enchente.
A primeira estimativa para o próximo ciclo foi apresentada nesta terça-feira (27) na casa da Emater, na Expointer.
Na soja, principal produto agrícola da temporada, são esperados 21 milhões de grãos, com crescimento em área e produção e destaque importante no cultivo na região de Bagé e arredores. A expectativa é de que a colheita ajude na recuperação econômica dos agricultores, que foram fortemente afetados pela cheia de abril e maio.
Cultura muito presente na agricultura familiar, o milho deve colher 5,3 milhões de toneladas no Estado. Há uma redução de 7% em área, mas que deve ser compensada por aumento de 18,3% em produção, em razão da melhora no desenvolvimento do grão em relação ao ano passado.
Já no arroz, são projetadas altas de 5% em área cultivada e de 11% em produção, somando 8 milhões de toneladas do cereal.
Diretor técnico da Emater, Claudinei Baldissera celebrou as boas notícias vindas dos números, mas destacou que a implementação das lavouras está associada ao acesso ao crédito pelos agricultores. Para isso, diz, não basta o clima, e sim condições rápidas e efetivas da economia.
— A estimativa demonstra a capacidade e o tamanho daquilo que o agricultor e o Rio Grande do Sul estão preparados para produzir, para semear, para plantar. Evidentemente que existem gargalos de superação, que é a questão do endividamento e a contração dos financiamentos. E também as questões de clima, embora as notícias do que foi apresentado são notícias importantes e que podem conduzir uma boa safra — disse.
De acordo com Baldissera, os dados de colheita projetados para 2025 recuperam e até superam em alguns percentuais os números aguardados na safra passada. O efeito da enchente, no entanto, fez com que a produção recorde, especialmente na soja, não fosse batida no último verão.
Presidente da Emater, Mara Helena Saalfeld lembrou que a safra de verão é esperada com bastante expectativa. Neste ciclo, segundo ela, tem ainda mais peso diante das catástrofes climáticas que afetaram o setor primário. Mara citou também o empenho dos extensionistas da Emater a campo para realizar os levantamentos com credibilidade.
Representando o governo do Estado, Vilson Covatti, secretário do Desenvolvimento Rural, e Clair Kuhn, secretário da Agricultura, acompanharam a divulgação dos dados.
Boas novas do clima
Mais uma vez, o Rio Grande do Sul poderá estar sob efeito do fenômeno La Niña a partir da primavera. A intensidade esperada, no entanto, é fraca em relação aos últimos anos em que o fenômeno esteve presente.
Os prognósticos foram apresentados pelo meteorologista Flávio Varone, do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro) da Secretaria da Agricultura.
— Provavelmente teremos uma safra boa no verão — projetou Varone.
O prognóstico é mais otimista em relação ao que se tinha no início do inverno. A tendência para o período de setembro a novembro é de evento similar ao La Niña, com menos chuva durante a primavera. Porém, sem estiagens longas ou severas.
Em relação às temperaturas, o frio deve persistir por mais tempo, com chance de geada tardia.
Durante o verão, a condição regional de clima deve predominar, mantendo a estação dentro do esperado no Estado. As chuvas devem vir ligeiramente abaixo, com temperaturas próximas da média.
— É o melhor cenário que poderíamos ter hoje, que nos remete a safras boas e dentro da normalidade — destacou o meteorologista.