O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou nesta sexta-feira (16) que o governo não fará esforço para manter o Ministério da Reconstrução no Rio Grande do Sul. O órgão, comandado pelo ministro Paulo Pimenta, foi criado em maio por meio de medida provisória (MP), que precisaria ser votada em até 120 dias para não perder a validade — o prazo termina em 15 de setembro.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, Lula indicou que o governo deixará o texto caducar, e Pimenta reassumirá a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom).
— O Pimenta é o meu ministro da Secom e foi emprestado neste momento delicado do Rio Grande do Sul. Ele vai ficar o prazo (de vigência da MP), acho que está na hora de pensarmos no futuro do Pimenta, se ele vai ficar ou voltar. Se vencer a MP e não for votada, paciência. Não vou brigar — disse Lula.
— Em setembro vence (o prazo), e espero que até lá a gente conclua o grosso dos dramas do RS e ele possa voltar para a sua atividade normal em Brasília — afirmou.
Em tese, deveria ser simples a aprovação de uma MP pelo Congresso criando uma estrutura federal após a maior tragédia climática do país. Mas a maioria dos deputados e senadores gaúchos considera que a criação do órgão foi uma maneira de promover Pimenta politicamente. Além disso, a fragilidade da base governista no Congresso exigiria um esforço grande para aprovação do texto.
Nos bastidores, Pimenta já discute uma forma de manter o monitoramento das ações do governo federal para reconstrução do Estado. Há intenção de criar uma secretaria vinculada à Secom ou uma espécie de junta de acompanhamento.
O mais cotado para liderar esta estrutura é Maneco Hassen, homem de confiança de Pimenta que hoje ocupa a secretaria-executiva do Ministério da Reconstrução.
Se o governo conseguir criar a nova estrutura e a equipe continuar sob a estrutura comandada por Pimenta, internamente há convicção de que haverá pouca mudança na prática. O ministro seguirá em condições de fazer viagens frequentes ao Estado, de liderar a interlocução com os demais ministérios e seguir como a referência do governo Lula nas ações federais.