A Estação Rodoviária de Porto Alegre vive um momento de recomeço. Nesta quinta-feira (1°), 20 estabelecimentos, entre lojas e lancherias, estão liberados para reabrir. E 12 deles já atendem o público. Mais três retornam à operação na segunda-feira (5). Os 64 existentes ficaram praticamente três meses fechados em razão da enchente de maio.
O secretário de Logística e Transportes do Estado, Juvir Costella, menciona que os pontos abertos representam 600 empregos.
— O sentimento é de dever quase cumprido. Afinal de contas, já são 20 permissionários autorizados para a reabertura. Nota-se o entusiasmo das pessoas ao perceber que podem fazer um lanche, comer um pastel e tomar um café — afirma o titular da pasta.
A gerente do Turispresso, Rosangela Martins, 61 anos, conta que o espaço ficou fechado desde 3 de maio, quando começou a cheia na Capital.
— O sentimento é de vitória e esperança, porque mexeu muito com o nosso psicológico. É uma renovação e estamos com muita esperança — compartilha, dizendo que a saudade dos amigos e clientes era grande.
A liberação para o retorno do funcionamento ocorreu depois de uma vistoria do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), proprietário do prédio. Porém, diversos espaços ainda estão em obras e com tapumes nas fachadas.
Nesta quinta, já havia clientes recém-chegados de viagem ou prontos para o embarque nos pontos reabertos. A procura era por lanches como pastéis, sanduíches, doces e café preto.
O proprietário do GB, Gilmar Lorenzon, 54, contabiliza em R$ 300 mil os prejuízos com perda de equipamentos, mobília e dias sem faturar. No ponto dele, após a água baixar, só restou a carcaça dos balcões.
— Este é um momento muito importante. A inundação foi uma realidade e agora temos que enfrentar. O muro das lamentações não vai nos levar a lugar algum — diz.
Para a sócia-proprietária do Restaurante e Lancheria Cajú, Margarete Rempel, 57, ficar esse tempo todo em casa foi difícil. O estabelecimento funcionou durante 30 anos no pavimento superior da Estação Rodoviária, e operava havia apenas oito meses no térreo.
— A gente quer recomeçar porque foi muito assustador. Mas, graças a Deus, deu tudo certo e hoje estamos começando tudo de novo — resume, citando que não foi possível reabrir o bufê neste primeiro dia.
O Big Mix estava com uma fita estendida de ponta a ponta na porta. O lugar será reaberto na segunda-feira, mas já se vê que o ambiente está preparado para receber clientes.
— Quando entrei aqui durante a enchente e vi a água suja, tive uma sensação desagradável. Mas depois vi que pessoas perderam tudo e percebi que eu estava bem — reflete a proprietária Marli Rosa Gonçalves, 59, que tem o ponto ali há 42 anos.
Viagens de ônibus
O serviço de viagens de ônibus foi paralisado no dia 4 de maio, quando o Guaíba inundou o terminal e corredores da Estação Rodoviária. Em 9 de maio, a operação chegou a ser improvisada no Terminal Antônio de Carvalho, na Avenida Bento Gonçalves, no bairro Agronomia.
As operações foram retomadas no mesmo endereço, de forma parcial, apenas no dia 7 de junho, com uma viagem de ônibus para Capão da Canoa, no Litoral Norte. As viagens interestaduais só voltaram a ocorrer a partir de 13 de junho.
Segundo o diretor da rodoviária de Porto Alegre, Giovanni Luigi, o cenário ainda está um pouco distante do ideal.
— O movimento está uns 15% a 20% menor do que era o normal antes da enchente. O processo de retorno é lento, talvez tenha pessoas que não estejam viajando pelos motivos mais diversos. Mas os serviços de ir e vir estão funcionando — assegura.