O destino daqueles que vivem nas proximidades do dique Sarandi, na zona norte de Porto Alegre, ainda está indefinido. A prefeitura deseja remover todas as 500 famílias do local para que seja possível refazer a estrutura, danificada durante a enchente.
Até o momento, 47 foram removidas. A população que permaneceu deseja viver em outro local, mas cobra do poder público os R$ 127 mil do bônus-moradia. O município, por sua vez, alega não ter verba suficiente para atender todas as 500 famílias e está pedindo ajuda ao governo federal. O custo estimado, considerando o valor atual do benefício, .
— O município não tem caixa para suportar uma remoção desse volume, mas sabemos que em algum momento elas vão ter que sair. A ideia é que seja o mais rápido possível. Por isso, estamos negociando com o governo federal para que isso entre no programa de compra assistida — diz a secretária de Habitação e Regularização Fundiária Adjunta de Porto Alegre, Simone Somensi.
O programa do governo federal prevê um repasse de até R$ 200 mil para pessoas que tiveram as casas destruídas na enchente. Como nem todos os moradores do dique tiveram as estruturas totalmente comprometidas, será preciso que a União publique uma portaria permitindo a inclusão dessas famílias.
— É uma negociação para a inclusão deles no calendário (de pagamento). Então na verdade é mais uma conformação técnica, para que eles possam ser atendidos — complementa Somensi.
O dique, que abrange as vilas Nova Brasília e Minuano, teve ao menos quatro pontos de rompimento durante a enchente de maio. A prefeitura concluiu no início de junho os reparos emergenciais nestes trechos e, para conseguir utilizar os maquinários, precisou derrubar 37 residências, totalizando 47 famílias. Segundo a Secretaria Municipal de abitação e Regulação Fundiária, todas elas já possuem acesso ao Bônus-moradia.
As pessoas que permaneceram na área têm cobrado a prefeitura para receber o recurso. A maioria não quer seguir morando no dique, sob o risco de ter novos alagamentos no futuro. É o caso da Deisi Souza da Silva, que mora ao lado do trecho que teve o maior rompimento.
— Eu já não quero mais ficar aqui, se eles me tirarem eu quero uma moradia. Porque a gente já sofreu uma enchente no ano passado, e esse ano foi ainda pior. Então a gente quer uma moradia, queremos que eles venham fazer alguma coisa por nós — afirma a moradora.
Conforme a secretária, o governo federal já teria dado o aval para publicar a portaria. Zero Hora procurou a União, através da Secretaria para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul. Até a publicação não obteve retorno.
Estudos em andamento
A saída dos moradores é vista como essencial para dar andamento ao processo de reconstrução do dique. Na terça-feira (12) o prefeito Sebastião Melo anunciou que duas empresas foram contratadas, Infravix e Encop Engenharia, para iniciar os estudos que determinarão o que precisa ser feito para fortalecer a estrutura para enfrentar novas enxurradas. O mesmo está sendo feito nos demais diques e casas de bombas da região
Depois dessa etapa será possível fazer o orçamento para a execução das obras. Não há prazo para conclusão.