Se em maio a inflação de Porto Alegre foi a mais alta do país, em razão da tragédia climática que atingiu o Estado, em junho, figurou com a menor variação entre as 11 Regiões Metropolitanas avaliadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira (10), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da capital gaúcha fechou o mês passado em queda de 0,14%, na contramão da média apurada para o Brasil, onde houve avanço de 0,21% em igual período.
Enquanto na performance nacional, dos nove grupos avaliados pelo IBGE, sete fecharam em elevação, em Porto Alegre, foram verificadas baixas em quatro. Entre os segmentos que atuaram no campo negativo os destaques são os itens de Alimentação, com –0,69% e de Habitação, com –0,52%. Ambos registraram alta no país, de 0,44% e 0,29%, respectivamente.
O descolamento do IPCA gaúcho do brasileiro é um dos reflexos da enchente de maio para a economia gaúcha. Mas, conforme explica o economista e professor da UFRGS, Marcelo Portugal, há duas explicações para desempenho. O primeiro é a enchente, que pressionou os preços em maio e, em junho, quando as águas retrocederam puxaram também os preços para baixo. O segundo se refere ao regime tributário.
Isso acontece, segundo ele, por força dos decretos do governo estadual que encerravam incentivos fiscais de alguns itens, sobretudo, os da cesta básica, em maio. Como houve a retirada dessas medidas, o efeito foi o oposto, em junho. Houve menor incidência de ICMS nos produtos e a inflação voltou a cair, comenta Portugal.
– Então, nós tivemos esse pulo aqui no Rio Grande do Sul de enchente e aumento de imposto gerando a maior inflação do Brasil em maio, versus redução de imposto e diminuição da enchente gerando a menor inflação do Brasil – resume.
A economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo concorda e lembra ainda que em junho, sem os decretos que faziam com que os preços dos produtos da cesta básica ficassem mais caros, aconteceu “um grande ajuste de preço” nos alimentos.
– Basicamente porque a gente também tem essa força de alívio tributário. Em maio, além obviamente dos efeitos derivados da enchente, que pressionaram a capacidade de oferta de vários produtos e aumentaram a demanda de vários outros, o que tende a pressionar preços, a gente teve um aumento de preços de bens ligados à cesta básica em virtude do aumento de tributos.