Embalagens, garrafas e vidros sujos ou estragados por conta da enchente que assolou o Rio Grande do Sul no mês de maio são encontrados à venda em estabelecimentos comerciais, motivando alertas das autoridades aos consumidores sobre o que fazer nesses casos. De acordo com o Procon de Porto Alegre, até o dia 3 de julho, ao menos 12 estabelecimentos – na sua grande maioria mercados – foram autuados por ofertarem produtos atingidos pela água da enchente .
A chefe da Unidade de Vigilância Sanitária de Porto Alegre, Denise Garcia, alerta que esses produtos podem representar um risco significativo ao consumidor.
"Recebemos denúncias de pessoas que estavam reaproveitando inadequadamente esses produtos, fazendo uma lavagem, assim, superficial. Mas a gente sabe que as embalagens em si podem absorver produtos, não sabemos o que tinha nessa água", afirma Denise.
A equipe de Vigilância Sanitária da capital ressalta que, no mês de junho, foram realizadas ações conjuntas com o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), o Ministério Público e a Delegacia do Consumidor da Polícia Civil, em resposta a denúncias de reaproveitamento inadequado desses produtos.
A chefe da Vigilância Sanitária de Porto Alegre também destaca a importância de não consumir produtos suspeitos até que a situação seja averiguada: "em caso de dúvida, não consuma o produto", pede.
Denise lembra que, apesar dos prejuízos, a saúde do consumidor deve ser priorizada.
"Nós sensibilizamos os próprios permissionários no sentido de que tem que descartar tudo que entrou em contato com a água. A gente sabe que existe o prejuízo, mas, acima de tudo, é a questão da saúde do consumidor que tem que ser respeitada", aponta.
A profissional orienta que, ao encontrar produtos com embalagens danificadas ou suspeitas de terem entrado em contato com a enchente, os moradores de Porto Alegre devem fazer uma denúncia por meio do telefone 156. Para contato com a Vigilância Sanitária do Estado, o número disponível é o 150.
"As nossas equipes estão mobilizadas para atender essa situação. É importante ter essa abertura via protocolo, porque o próprio consumidor pode saber o que aconteceu depois que foi feita essa denúncia, e pode pedir sigilo", comenta Denise.
Segundo Denise, medidas preventivas foram adotadas por uma portaria publicada no final de maio, que visa assegurar que todos os produtos cuja embalagem tenha sido exposta às enchentes sejam descartados corretamente.
"Uma coisa é uma mera situação de um (estabelecimento) que inundou e logo já saiu aquela água. Mas nós tivemos casos de quase 60 dias com a água em um local, então não tem produto que mantenha a sua qualidade, não tem como garantir isso", afirmou.
É preciso ficar atento
O diretor do Procon, Rafael Gonçalves, destacou a importância da população estar atenta aos itens disponíveis para compra, verificando as embalagens e a procedência dos produtos, pois podem estar vencidos ou impróprios para consumo.
"Estamos vivendo uma situação extremamente excepcional no Rio Grande do Sul. Nos próximos meses, os consumidores precisarão ter mais cuidado ao fazer suas compras para evitar consumir produtos contaminados", explica.
Denise complementa, destacando que é um momento que exige "respeito aos consumidores".
"É um momento que a gente precisa de transparência. Qualquer coisa, fazer a denúncia no 156 que vai chegar aqui e nós iremos apurar", afirma.