Enchentes começaram a atingir o Rio Grande do Sul no fim de abril e, mais de dois meses depois, cidades do estado ainda convivem com alagamentos, lixo que foi espalhado pela água e esgoto a céu aberto. É o caso de Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
A Rua Anita Garibaldi, no bairro Americana, que fica próxima do rio Gravataí e do arroio Feijó, que transbordaram, está coberta de lama, entulho e lixo. Há áreas alagadas e, segundo moradores, esgoto.
"Infelizmente, a gente não tem a agilidade da prefeitura. Até está tirando algumas coisas, mas falta muito, como a gente vê. A preocupação dos moradores é em circular aqui e com as doenças que o lixo traz, como hepatite, cólera, leptospirose… Porque isso aqui é esgoto, não é água da chuva, água que voltou do rio, é esgoto", afirma Lucimar Cardoso, técnico socorrista que mora em uma casa na rua.
A prefeitura não informou o número de pessoas afetadas, mas alega que são centenas. No ápice da enchente, foram 10 mil atingidos no município. A maioria reside no bairro Americana.
Limpeza
A respeito da limpeza da área, o Executivo Municipal alega que é necessário aguardar a água baixar para poder executar o serviço.
"Há próximo o Rio Gravataí, o Arroio Feijó, o campo está cheio e a água não tem para onde correr por conta da geografia dessa área. Já passamos em entre 80% e 90% das ruas que tinham entulhos [para limpar]. Na medida em que a água vai descendo, a gente vai conseguindo trabalhar. Infelizmente, essa rua é muito baixa e, devido à questão dos campos estarem cheios, a água não está conseguindo retornar", explica Diego Fortunatto, coordenador da Defesa Civil.
Sobre o uso de máquinas para drenar a água, Fortunatto alegou que a prefeitura não tem bombas de drenagem próprias e precisaria fazer parcerias para consegui-las, mas não há planejamento para isso, restando esperar.
Ele afirma, no entanto, que espera que a limpeza da rua seja concluída até o final da semana.
Sistema anticheias
Segundo o secretário de Serviços e Obras e Viação de Alvorada (Smov), Rogério Negreiros, o dique de Alvorada é a única obra de contenção contra as cheias da Região Metropolitana que não foi concluída. Em 2012, um termo de compromisso da obra foi assinado, mas ela nunca foi executada. A área escolhida fica no bairro Americana e compreende o arroio Feijó, além da várzea do Rio Gravataí e bacias afluentes.
Segundo a Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan), estudos já foram concluídos. Agora, o município aguarda o envio de recursos por parte do governo federal para iniciar a construção da estrutura de proteção contra as cheias. O orçamento é estimado em R$ 2 bilhões.
O dique do Arroio Feijó tem gestão compartilhada entre os municípios de Alvorada, Viamão e Porto Alegre.