Em ato na manhã desta quarta-feira (29), o governo federal anuncia novas medidas de apoio ao Rio Grande do Sul. GZH teve acesso de forma antecipada à apresentação das ações. Um dos principais pontos é a criação de uma nova linha de financiamento voltada para recuperação de empresas, incluindo as de grande porte.
O anúncio desta quarta contempla uma linha de financiamento com até R$ 15 bilhões em recursos, para companhias de qualquer porte. O programa terá recursos para compra de máquinas, equipamentos e serviços e financiamento a empreendimentos, incluindo obras, com limite de R$ 300 milhões por operação.
Também haverá crédito para capital de giro emergencial, com limite de R$ 50 milhões por operação para micro e pequenos empreendedores e R$ 400 milhões para grandes empresas.
— Não há trava para quem pode acessar, mesmo pequenas e médias também podem acessar esta linha, mas em especial, e aqui a novidade, para que as médias e grandes empresas também possam usar um financiamento que tem uma taxa de juros sem precedente no país e vai ser muito importante para a reconstrução do parque industrial e do grande agronegócio do RS — explicou o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan.
Para compra de equipamentos e capital de giro, o prazo para pagamento dos financiamentos será de 60 meses, com prazo de carência (período antes de começar a pagar) em 12 meses. Já na linha de crédito para "financiamento a empreendimentos", que inclui obras, o prazo será de 120 meses e a carência de dois anos.
— Eu diria que representa um conjunto de medidas que vai fazer a diferença, no sentido de atender aos irmãos do RS, e especialmente de recuperar o Estado, sua atividade econômica e o emprego — comentou o vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin.
O socorro anunciado até agora era mais voltado às pessoas físicas diretamente atingidas, como saque calamidade e auxílio reconstrução, e a pequenas e médias empresas, por meio do Pronampe.
Extensão do Pronampe
O governo também anunciou a extensão das operações do Pronampe às cooperativas de crédito. A capilaridade das agências deverá facilitar o acesso de pequenos e médios empresários desta linha de crédito, voltado aos setores de comércio e serviços.
No crédito rural, haverá aporte adicional de R$ 600 milhões no Fundo de Garantia de Operações (FGO) para pequenos e médios produtores. Com isso, o governo espera viabilizar o acesso ao crédito a quem não possui condições de acessar o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).
Por meio do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação, será disponibilizada uma nova linha de crédito no Rio Grande do Sul por meio da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). A linha será de até R$ 1,5 bilhão, com taxa TR+5%, via operadores, como as cooperativas de crédito, Banrisul e BRDE.
Ao discursar no evento, Lula cobrou o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, a manter o ritmo de corte de juros. Diante da piora no cenário fiscal e nas projeções de inflação, analistas de mercado têm apontado a possibilidade de redução mais modesta da Selic.
— Eu espero que o presidente do Banco Central veja a nossa disposição de reduzir a taxa de juro, e ele quem sabe colabore conosco reduzindo a taxa Selic para a gente poder emprestar com taxa de juro mais barata, spread mais barato — disse o presidente.
Em fala mais ampla a respeito das medidas adotadas, destacou a preocupação em desburocratizar processos e acelerar a chegada de apoio, não só neste caso do Rio Grande do Sul, mas em tragédias que venham a ocorrer, em qualquer parte do país, no futuro:
— Temos consciência de que muitas vezes, em muitos outros momentos históricos, o governo anunciou medidas, o governo foi cheio de boa vontade, mas depois passa o tempo e as medidas não acontecem rapidamente, o dinheiro não chega, a coisa não acontece. Então, a nossa preocupação nesse momento é fazer com que não haja qualquer empecilho burocrático que atrapalhe decisões do governo de acontecerem na ponta.