Prevista para a próxima quarta-feira (27), a terceira visita de uma comitiva do governo federal ao Rio Grande do Sul em razão das enchentes no Vale do Taquari deve ser focada em anúncios de recursos para empresas atingidas pela tragédia.
Essa é a expectativa do vice-governador Gabriel Souza, que concedeu entrevista nesta segunda-feira (25) ao Jornal do Almoço, da RBS TV.
- Queremos muito entender quais são as novidades que o governo federal tem a anunciar uma vez que já colaborou com a antecipação de parcelas do Bolsa Família e com o Beneficio de Prestação Continuada - explicou.
Devem ser prioridade linhas de crédito com subsídio e carência para as companhias cujas estruturas foram destruídas pela enchente. Conforme anunciado pelo presidente Lula no retorno da visita à Índia, uma linha especial de crédito do BNDES, no valor de R$ 1 bilhão, será destinada às empresas para que seja recuperado o que foi perdido. Esses empréstimos terão juro zero e dois anos de carência para início do pagamento.
Em visita ao Estado, no dia 10, o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou a liberação de R$ 740 milhões, que se somam aos R$ 600 milhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para 354 mil trabalhadores.
Na entrevista ao JA, Gabriel Souza explicou as ações do governo do Estado para realocar famílias que perderam suas residências em municípios atingidos, principalmente Muçum e Roca Sales. O vice-governador admitiu que uma das principais dificuldades é a mudança de moradores que habitam há muito tempo zonas ribeirinhas, às margens do Taquari. Isso ocorre inclusive nas regiões centrais de Muçum e Roca Sales, os dois municípios mais atingidos.
- As pessoas, em geral, não querem sair dos locais onde moravam. É um assunto municipal autorizar construções e reformas. Mas nossa orientação aos prefeitos é para que não permitam construções em áreas atingidas pelas águas - disse.
O governo estima que, em 45 dias, disponibilizará as primeiras unidades habitacionais temporárias.
- São temporárias, porém, dignas, habitáveis, que já foram utilizadas em São Paulo, na tragédia de São Sebastião - explicou. - Têm entre 18 a 20 metros quadrados, são estruturas pré-moldadas para albergar essas famílias em Santa Tereza, Cruzeiro do Sul, Arroio do Meio e Roca Sales. Enquanto isso, tem o processo burocrático para moradias definitivas. Teremos de realocar pessoas de casas que não foram destruídas, mas que estão em risco. Imaginamos, com apoio do Sinduscon (Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Rio Grande do Sul), assim que o Estado comprar as áreas, no dia seguinte iniciaremos obras de terraplenagem.
Atualmente, 563 pessoas seguem em albergues públicos em oito municípios da região.
Souza, encarregado pelo governador Eduardo Leite de coordenar os trabalhos de reconstrução dos municípios, afirmou que a primeira missão foi restabelecer os serviços públicos essenciais.
- O governo do Estado está todo montado em Encantado. Temos a saúde plenamente restabelecida, mesmo que em locais provisórios. Na área da educação, hoje (segunda-feira) voltam 1.069 alunos em Lajeado.
Sobre recursos, na quinta-feira (21), o governo do Estado liberou pagamento de R$ 1,2 milhão pessoas em situação de pobreza ou extrema pobreza do programa Volta por Cima. Famílias desabrigadas ou desalojadas recebem R$ 2,5 mil e impactadas pelas cheias, mas que não foram desalojadas, ganham R$ 700. Nesta semana, serão liberados recursos para novas faixas.