A 1ª Vara Federal de Erechim, no Norte do Rio Grande do Sul, condenou a União a pagar R$ 40 mil de indenização por danos morais a um morador de Coronel Bicaco, no Noroeste do estado.
Segundo a sentença, o autor da ação, um homem de 87 anos cuja identidade não foi revelada, foi perseguido politicamente durante a Ditadura Militar (1964-1985), sendo detido, torturado e exilado durante os anos 1970. Cabe recurso junto ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).
O processo relata que, em 1970, o homem foi alvo de um inquérito policial que buscava investigar a sua conexão com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), grupo fundado em 1966 que propunha a luta armada contra o regime militar. Em 1971, após fusão com outras organizações, a VPR passou a se chamar VAR-Palmares e chegou a contar com a ex-presidente Dilma Rousseff entre seus quadros.
O homem foi preso em maio de 1970 em Três Passos, município do Noroeste gaúcho, onde sofreu torturas físicas, segundo relatos. De lá, foi transferido para Santa Maria, na Região Central, e por fim para a Ilha do Presídio, ilha localizada no Guaíba, em Porto Alegre, onde ficou preso até janeiro de 1971. Em todas as cidades, de acordo com a Justiça Federal, o então jovem de 24 anos seguiu sendo submetido a sessões de tortura.
Ao deixar a Ilha do Presídio, o homem foi banido do país ao fazer parte do grupo de 70 presos políticos trocados pela devolução do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, sequestrado em dezembro de 1970 pela VPR, no Rio de Janeiro.
O autor da ação contra a Uniãopassou a viver no Chile, onde ficou até setembro de 1979, quando retornou ao país ao obter a situação de anistiado político.