Não havia desemprego nem miséria em Muçum, município de 4,6 mil habitantes cuja economia foi soterrada de lama na enchente de 4 de setembro. Puxados pelo turismo, os negócios prosperavam, gerando um produto interno bruto (PIB) per capita de R$ 57,3 mil, e ocupando 53,5% da população, oitavo maior índice do Rio Grande do Sul. O orçamento municipal saltaria de R$ 24,6 milhões em 2021 para R$ 34,9 milhões este ano, um incremento de 42%.
Tal qual fotografias resgatadas da água barrenta, esses indicadores agora são memórias de um tempo bom. Um levantamento preliminar da prefeitura registra que 70% das 255 empresas da cidade foram destruídas pelas cheias do Rio Taquari.
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Em fúria, a correnteza não poupou ninguém, dos microempreendedores à maior indústria. Quem restou ileso tem medo de uma nova enchente e quem sobreviveu não sabe se pretende continuar morando no município, que dirá investindo. Multiplicam-se os pedidos de renegociação dos aluguéis comerciais e aos poucos começam a surgir pedidos de demissão, com funcionários querendo mudar de cidade.
Preocupada com uma evasão dos empresários, a prefeitura de Muçum busca suporte nos governos estadual e federal, bem como nos bancos públicos. O objetivo é reduzir a burocracia na concessão de linhas de crédito, com juros baixos e prazo longo, estimulando uma retomada nos investimentos. Informalmente, o cálculo para uma reconstrução da cidade projeta a necessidade de R$ 1 bilhão.