A Justiça de Novo Hamburgo prorrogou, nesta sexta-feira (23), decisão que proíbe o médico João Batista do Couto Neto de realizar cirurgias e intervenções invasivas. Ele é investigado pela Polícia Civil por suspeita de causar lesões e mortes durante atendimentos e procedimentos na cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre.
O advogado de João Couto, Brunno de Lia Pires, declarou que considera que a renovação da suspensão "não observa requisitos legais necessários" e "não se ampara" em elementos da investigação. Diz ainda que o médico não tinha intenção de realizar cirurgias enquanto acontecem as investigações, mas que a restrição "afeta a reputação do médico". A defesa avalia possibilidades de recurso.
A decisão também proíbe o acesso do médico a blocos e centros cirúrgicos ou a qualquer local dessa natureza. Também fica definida a proibição de manter contato com as pessoas que o denunciaram e testemunhas, e de se ausentar da Comarca por mais de cinco dias.
“O grande número de pacientes do investigado que relataram possíveis erros médicos graves a ponto de configurarem crimes revela situação extraordinária a indicar a imprescindibilidade da medida requerida para se evitar que novos fatos semelhantes venham a acontecer”, destaca o autor da decisão, juiz Guilherme Machado da Silva.
O pedido foi encaminhado pelo Ministério Público do RS, a pedido da Polícia Civil, que investiga denúncias contra o médico. Em 12 de dezembro de 2022, a Justiça já havia proibido João Couto de realizar cirurgias, em uma decisão cujo prazo encerrou no dia 10 de junho.
Couto é suspeito de ter causado a morte de 38 pacientes devido a procedimentos cirúrgicos e causado lesões em outros 120. Pacientes e pessoas que trabalharam com ele relataram excesso de cirurgias por dia, procedimentos desnecessários e até diagnóstico de câncer raro falso. Leia, abaixo, as histórias de pacientes que se dizem vítimas do cirurgião.