Mais quatro pessoas foram resgatadas em situação análoga à escravidão no Rio Grande do Sul. Desta vez o episódio aconteceu com quatro argentinos, um deles adolescente de 14 anos de idade. Eles foram encontrados neste sábado (1) em condição degradante, em Nova Petrópolis, atuando na extração de eucalipto, numa propriedade rural do município.
Os quatro argentinos foram encontrados por agentes da Polícia Federal, da Brigada Militar e do MTE acampados na mata em condições insalubres e desassistidos, sem água, energia elétrica e banheiro.
A ação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) foi possível devido a denúncia realizada por dois trabalhadores que ficaram sem receber o pagamento e sem ter onde dormir e o que comer após serem abandonados pelo empregador. O intermediador dos trabalhadores foi preso e ficará à disposição da Justiça. Até o momento, não há informações sobre o dono da propriedade.
O resgate foi acompanhado pela presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, Laura Sito (PT). A deputada explicou que o trabalho da Comissão tem sido o da interlocução com o governo argentino para que os trabalhadores possam retornar à Argentina e depois receber a indenização.
Laura acredita que os frequentes casos de trabalhadores em situação análoga à escravidão no RS têm relação com três aspectos: as pessoas estão se sentindo mais seguras em denunciar após a mudança do governo federal; as condições degradantes são consequência da reforma trabalhista aprovada em 2017 e que permitiu a terceirização das atividades fins de uma empresa; e o aspecto cultural do País.
Para a deputada, a história escravocrata do Brasil normaliza as relações de trabalho precárias. “Temos uma cultura que compreende o trabalho precário como digno, porque digno é trabalhar. Só que o trabalho tem que emancipar o indivíduo”, afirma.
Desde quando foram resgatados, os quatro argentinos estão na sede da Polícia Federal em Caxias, providenciando os documentos necessários para retornar ao país de origem.