Candidato ao governo do Estado em pré-campanha, Edegar Pretto cumpriu agenda de trabalho em Tenente Portela, no sábado (13), e concedeu entrevista coletiva para a imprensa das regiões Celeiro e Zona da Produção.
Edegar lembrou que esteve no município muitas vezes, acompanhando o seu pai Adão Pretto em lutas sindicais e em encontros com pequenos agricultores, e também através do seu mandato como deputado estadual. “Sempre estive aqui. E, neste momento, como candidato ao governo do Estado, quero deixar registrado o meu compromisso de diálogo com os setores produtivos e a sociedade, e o desejo de fazer um governo que gere oportunidades para as pessoas”, declarou.
De acordo com Edegar, esta campanha não será apenas ideológica, mas também será a oportunidade de resgatar os legados dos governos Lula e Dilma e planejar o futuro. “Precisamos retirar o Brasil outra vez da fome. É inadmissível que 33 milhões de brasileiros tenham a incerteza se irão ou não se alimentar no dia. Em nossos governos, o salário mínimo era valorizado e o trabalhador tinha dinheiro no bolso para passear, se alimentar e viver com qualidade. O trabalhador precisa ter dinheiro outra vez para ter mais poder de compra, o comerciante vender mais e, assim, a indústria ampliar a produção”, avaliou.
Questionado sobre polarização e embates políticos, Edegar disse que Eduardo Leite, Onyx Lorenzoni e Bolsonaro representam um mesmo projeto, pois estavam até pouco tempo atrás compondo no RS a mesma base. “Leite fez campanha e votou no Bolsonaro. O partido de Onyx esteve até há pouco tempo na base do governo Leite. Questiono o motivo deles terem rompido, ou se esse afastamento é apenas momentâneo. Acho importante comparar o legado que nós representamos e o que eles representam. Vamos apresentar um projeto real, com condições de, num curto espaço de tempo, modificar a estrutura do Rio Grande do Sul e retirar as pessoas da situação difícil que se encontram”, ponderou.
Conforme Edegar, durante o governo Tarso Genro o Estado utilizava suas estruturas para apoiar setores produtivos, e não desamparou os agricultores gaúchos durante a seca de 2012. Ele lembrou que Leite e Bolsonaro deram as costas aos atingidos pela última estiagem, abandonando o setor que representa 40% do PIB estadual. “Quando ocorreu a seca de 2012, tínhamos uma Secretaria de Desenvolvimento Rural que injetou R$ 206 milhões na agricultura. Em 2020, foram R$ 23 milhões. Neste ano, nenhum investimento. No último período, 25% de microempresas fecharam, impactando mais de 400 mil empregos. Será que o Banrisul não poderia ter ofertado financiamentos com juros mais baixos? Teríamos evitado desemprego também”, destacou.
Para Edegar, outra necessidade do Estado é a revisão do Pacto Federativo e o Regime de Recuperação Fiscal imposto pelo governo Leite. “O congelamento do orçamento trava investimentos em áreas que geram empregos e oportunidades”, argumentou.
Educação e agricultura
Edegar foi questionado na entrevista sobre as condições das escolas estaduais e os planos para ofertar alimentos da agricultura familiar aos alunos da rede pública. Ele recordou que Olívio Dutra criou a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul e que Lula trouxe para o estado a Universidade Federal da Fronteira Sul, a Universidade Federal do Pampa e a Universidade Federal da Ciência da Saúde. O ex-presidente também facilitou que extensões universitárias fossem criadas, além de ter viabilizado o Programa Universidade Para Todos (Prouni) e o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). Disse também que os governos do PT sempre trabalharam para aliar educação e desenvolvimento, e que muitas universidades e cursos foram implementados visando atender carências regionais.
Ressaltou ainda que os professores faziam cursos de formação nestas instituições de ensino, e que a receita da educação foi ampliada em 30%. “Hoje o que vemos é 83% de escolas sem pátio para recreação, 14% sem banheiros ou sem condições de uso e professores trabalhando com a estima baixa. Me questiono se, nos dois anos de pandemia, as escolas não poderiam ter sido melhoradas. Portanto, os desafios que nos esperam são enormes, mas gradativamente serão trabalhados para melhor. Com diálogo, franqueza e investimentos, vamos voltar a qualificar a educação estadual”, frisou.
Ainda sobre o ensino público, Edegar falou sobre o impacto da fome na educação. Ele afirmou que criança alguma aprende de barriga vazia, e muitas estão nas salas de aula famintas, na expectativa de que a merenda escolar seja a única refeição do dia. “Podemos resolver esse assunto e ainda potencializar a agricultura familiar. Pela legislação nacional, 100% da merenda pode ser adquirida dos pequenos agricultores. Constitucionalmente, 30% deve ser comprado da agricultura familiar e o RS não cumpre porque abandonou essas políticas públicas. Muitas cooperativas têm ovos, frango, leite para ofertar, mas o Estado não compra”, informou.
Finalizando a entrevista coletiva, Edegar reforçou que muitos agricultores estão migrando para monocultura por falta de apoio dos governos. “Estamos nos tornando um estado de uma cultura só. Produzimos para matar a fome de animais na China e esquecemos de produzir para o consumo interno e quem passa fome aqui. Portanto, investir no campo é importante, assim como instituir políticas que qualifiquem a energia elétrica, levem internet para áreas rurais e amparem os agricultores quando passarem por intempéries. Esses são alguns dos nossos compromissos, com o Banrisul público, com um fundo de reserva do orçamento para combater estiagens e outros fenômenos. Isso é possível com muito diálogo e trabalho sério”, finalizou.