Em mais um dia de disparada do dólar e críticas do mercado ao pacote fiscal do governo Lula, o presidente do Congresso e do Senado, Rodrigo Pacheco, defendeu nesta sexta-feira (29) que os parlamentares apoiem medidas de controle das despesas. Em nota, ele disse que não é hora de discutir o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), e que o tema deve ser pautado apenas quando houver condições fiscais.
“Em se tratando de política fiscal, é preciso afastar o medo da impopularidade que constantemente ronda a política. Nesse sentido, é importante que o Congresso apoie as medidas de controle, governança, conformidade e corte de gastos, ainda que não sejam muito simpáticas. Inclusive outras podem ser pensadas, pois esse pacote deve ser visto como o início de uma jornada de responsabilidade fiscal”, escreveu Pacheco.
Antes do anúncio oficial, o senador recebeu o conjunto de medidas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em um encontro posterior com lideranças da Casa, defendeu a importância dos projetos, mas também passou a ouvir críticas de vários senadores.
Na manifestação, Pacheco tenta afastar a confusão entre as propostas gerada pelo próprio governo, que quis antecipar o debate sobre a reforma da renda, previsto pra começar no Congresso somente em 2025.
“A questão de isenção de IR, embora seja um desejo de todos, não é pauta para agora e só poderá acontecer se (e somente se) tivermos condições fiscais para isso. Se não tivermos, não vai acontecer. Mas essa é uma discussão para frente, que vai depender muito da capacidade do Brasil de crescer e gerar riqueza, sem aumento de impostos”, sustentou.
Embora possa ser interpretada por uma ala do governo como uma crítica à antecipação do debate acerca do IR, a declaração de Pacheco poderá ajudar no convencimento dos parlamentares sobre o corte de gastos. Basta ver, agora, se a ânsia populista de parte dos auxiliares do presidente Lula saberá aceitar a ajuda.