Uma antiga trapaça, o conto do bilhete premiado, ainda faz vítimas no Rio Grande do Sul. Na manhã desta quinta-feira (21), a Polícia Civil de Canoas cumpre mandados contra suspeitos de integrarem um grupo que aplica o golpe. A investigação teve início após um idoso, de 77 anos, ser enganado pelos estelionatários.
Segundo a polícia, o aposentado foi enganado por um trio de bandidos. Os criminosos convenceram a vítima a entregar R$ 35 mil.
— A vítima era de Canoas, e sofreu a mesma abordagem de sempre. Eram três golpistas, um deles primeiro se identifica como uma pessoa simples, do Interior, que precisa de ajuda. Logo depois, aparece um segundo, que diz ter contato com o banco, e o terceiro se passa pelo gerente — detalha a delegada Luciane Bertoletti, da 3ª Delegacia de Polícia de Canoas.
São cumpridos nesta manhã oito mandados de prisão temporária no RS e em Santa Catarina. A maior parte das ordens judiciais é cumprida em Caxias do Sul, na Serra, onde estão seis alvos da operação. A ofensiva é realizada ainda em Passo Fundo, no Norte, e em Balneário Arroio do Silva, no litoral catarinense. Até as 10h44min seis pessoas haviam sido presas — cinco delas em Caxias do Sul e uma em Santa Catarina.
Conforme a investigação, por meio dos afastamentos do sigilo bancário dos suspeitos foi possível identificar outras três vítimas. Todas são idosas, que perderam, ao todo R$ 130 mil. Os valores retirados das vítimas foram de R$ 60 mil, R$ 50 mil e R$ 20 mil.
— Muitas vítimas de golpe têm vergonha de terem sido enganadas. Não conseguem nem mesmo contar para a família. É muito importante que essas pessoas registrem a ocorrência, para que esses criminosos sejam identificados e responsabilizados — diz a delegada.
Ação reiterada
Segundo a polícia, um dos alvos já havia sido preso em outra etapa da Operação Illusio, em Passo Fundo. Ele é apontado como um dos gestores do esquema.
— Ele está sendo preso pela quarta vez e pela segunda só por nós — diz a delegada, sobre o fato de que os investigados continuam agindo no mesmo tipo de golpe.
A polícia obteve indicativos das movimentações realizadas pelo grupo e vídeos que mostram o dinheiro retirado das vítimas.
— Esse dinheiro, 99% é sacado e trocado por moedas estrangeiras ou colocado em carteiras de criptomoedas — explica, sobre as formas usadas pelos estelionatários para tentar mascarar o destino dos valores.
Provas e prisões
No início de novembro, a Polícia Civil havia desencadeado outra operação contra o mesmo tipo de crime. Aquela investigação se iniciou após uma costureira ser lesada em R$ 172 mil. As ordens judiciais daquela vez foram executadas nas cidades de Cachoeirinha, Gravataí e Sapucaia do Sul.
Foram cumpridas pela Polícia Civil nove prisões temporárias, além de 16 mandados de busca e apreensão e nove bloqueios de contas bancárias – essas últimas com intuito de tentar recuperar parte do dinheiro. Foram apreendidos R$ 25 mil em espécie, um carro e duas motocicletas.
Segundo a delegada, as nove prisões temporárias foram convertidas em preventivas.
— Conseguimos obter muitas provas, muita materialidade, que demonstra a atuação deles — afirma a delegada.