O inquérito da Polícia Federal que investiga tentativa de golpe de Estado deve indiciar pelo menos quatro ex-ministros, além do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Conforme fontes confidenciaram à coluna, a investigação deve apontar como responsáveis por minar o processo democrático os generais da reserva e ex-ministros da Defesa Walter Braga Netto (que foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, derrotada nas urnas) e Paulo Sérgio Nogueira, o general da reserva Augusto Heleno (que era ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o GSI) e o general da reserva e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
As razões para indiciamentos são diversas e não se resumem à tentativa de derrubar o processo democrático. Bolsonaro, Braga Netto e Augusto Heleno, por exemplo, devem ser enquadrados em tentativa de golpe de Estado. O general Paulo Sérgio entraria na lista (caso se confirme o indiciamento) por ataque às urnas eletrônicas e ao processo eleitoral (enquanto ministro da Defesa, ele enviou uma relatório ao Tribunal Superior Eleitoral lançando suspeitas sobre a lisura do pleito). O general Pazuello, por negacionismo e omissão quanto às vacinas contra covid.
Já outros do segundo escalão serão indiciados por espionar opositores e facilitar a disseminação de ataques virtuais. É o caso do ex-chefe do GSI e delegado da PF Alexandre Ramagem, hoje deputado federal. Ele também é suspeito de tentar golpe de Estado.
A lista de indiciados também deve incluir alguns militares com posicionamento decisivo a favor da ruptura das instituições democráticas. É o caso do general Mário Fernandes, que foi preso esta semana por suposto envolvimento em trama terrorista, do general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes (ex-integrante das Forças Especiais, que participou como manifestante dos distúrbios de 8 de janeiro), do general Estevam Cals Theophilo (ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, o Coter), do coronel Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro) e do almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, que teria colocado suas tropas à disposição para tentar impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Todos teriam, de alguma forma, auxiliado na montagem de acampamentos e bloqueios de rodovias por parte de extremistas que queriam impedir a posse de Lula.
A lista não deve incluir alguns apoiadores notórios de Bolsonaro, como o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, general Luiz Eduardo Ramos. Não foram encontradas provas cabais de que ele tenha apoiado um golpe de Estado.
O mesmo vale para o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, que se negou a apoiar o golpe.