A Polícia Civil exumou o corpo da menina Manuela Pereira, seis anos, encontrada morta uma semana antes de sua irmã gêmea, Antônia Pereira, em Igrejinha, no Vale do Paranhana. As duas morreram em circunstâncias que levantaram suspeitas nos investigadores e levaram à prisão da mãe delas, Gisele Beatriz Dias.
O processo de exumação, que consiste em desenterrar o cadáver para a coleta de material biológico, foi feito na terça-feira (12), de maneira sigilosa, no Cemitério Municipal de Igrejinha. O pai das meninas, Michel Persival Pereira, 43 anos, que é testemunha na investigação, confirmou a exumação.
O delegado do caso, Ivanir Caliari, preferiu não dar entrevista sobre o andamento dos trabalhos ou detalhes à imprensa para "preservar a investigação".
A RBS TV apurou com fontes, no entanto, que o procedimento foi feito após os técnicos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) não encontrarem substâncias que causassem a morte de Manuela nos exames feitos até o momento.
Sobre a morte de Antônia, até agora, também não foram identificadas causas possíveis para a morte. No início das investigações, a Polícia Civil apontou para a hipótese de que as meninas teriam sido envenenadas pela mãe.
O advogado de Gisele Beatriz Dias, José Paulo Schneider, afirma ter convicção de que ela não matou as crianças.
— Eu tenho a convicção de que, quando ela fala que não cometeu esse crime, ela fala isso com consciência e acredita nisso. Se, eventualmente, ela fez algo, e eu não estou dizendo que eu acho que ela fez, eu tenho outra convicção, é que ela fez isso em decorrência das suas questões psiquiátricas, e, portanto, ela não teria consciência, aquilo que a gente chama de inimputável. E aí é outro tratamento que o direito tem de dar, não a prisão, e sim o tratamento — afirma o advogado.
Prorrogação da prisão
Além da exumação, a Justiça autorizou, a partir de pedido da Polícia Civil referendado pelo Ministério Público, o pedido de prorrogação da prisão de Gisele.
Inicialmente, a prisão era temporária com prazo de 30 dias, que se esgotariam na próxima sexta-feira (15), data em que a morte de Antônia completa um mês. Agora, a prorrogação é por mais 30 dias, ainda na forma de prisão temporária.
Para o advogado de Gisele, não há motivos para a manutenção da prisão da investigada.
— A prisão tem a finalidade de permitir que as investigações transcorram naturalmente. E tudo o que está sendo feito e já foi feito pode ocorrer naturalmente com ela solta — diz José Paulo Schneider.
Os policiais envolvidos no caso o consideram de "alta complexidade" , porque desafia a polícia e o IGP para encontrar provas para que seja solucionado sem, até o momento, ter um indicativo claro do que ocorreu com as meninas.
Investigação
As equipes agora concentram esforços nas cidades em que os pais das gêmeas haviam morado antes de Igrejinha. A RBS TV revelou que, em 2022, a mãe havia perdido a guarda das crianças após deixar as meninas com uma vizinha e sair de casa. As meninas chegaram a morar em um abrigo antes de serem levadas para a casa do avô, pai de Gisele.
Outra frente de trabalho é em Xangri-Lá, onde, em dezembro de 2021, o Conselho Tutelar fez um atendimento a Manuela, Antônia e uma irmã mais velha após uma ocorrência policial. Na época, elas foram retiradas do pai e também levadas para os avós.