No dia 21 de outubro de 2012, em uma viagem à cidade de Aparecida, em São Paulo, a história de uma família gaúcha de Portão, no Vale do Sinos, foi impactada por um mistério que perdura até hoje. Beatriz Winck, então com 77 anos, desapareceu durante uma visita ao Santuário da Padroeira do Brasil.
As buscas foram extensas, mais de 60 mil cartazes de “procura-se” foram distribuídos. Os familiares de Beatriz ainda se mostram incansáveis na busca. Mesmo assim, 12 anos depois da última vez em que Beatriz foi vista, a família continua sem respostas.
Últimos passos
O marido de Beatriz, Delmar Winck, estava na fila do caixa de uma loja de itens religiosos, perto da basílica de Nossa Senhora de Aparecida, aguardando sua vez de pagar pelos três DVDs que comprou. A esposa decidiu esperar do lado de fora, onde encontrou uma amiga, que também participava da excursão. A idosa disse para a colega de viagem o que seriam suas últimas palavras antes de desaparecer em meio a 200 mil romeiros:
— Perdi meu marido. Estou muito cansada. Vou para casa.
Ao finalizar a compra e sair da loja, Delmar não encontrou a mulher. Rapidamente o grupo começou uma busca. O marido chegou a fazer bolhas nos pés de tanto caminhar, olhando em todos os cantos da basílica, sem sucesso.
Buscas
Com o inquérito encerrado pela Polícia Civil paulista, a família mantém uma investigação paralela. João Carlos Winck, filho mais velho de Beatriz, diz que a família conta com ajuda voluntária de agentes públicos e que, no passado, já contratou detetives particulares.
— Nunca foi encontrado nenhum vestígio, roupa, documento, absolutamente nada. Minha mãe simplesmente evaporou — conta o filho, que participa das buscas desde o dia seguinte ao desaparecimento.
João criou um site e um página no Facebook para divulgar a imagem da mãe e receber dicas. Ele conta que foram milhares de relatos de testemunhas, que diziam ter visto Beatriz. De um suposto subsolo secreto na basílica — onde idosos trabalhariam de maneira forçada —, a um ônibus que teria levado Beatriz ao Nordeste, todas os relatos recebidos foram conferidos.
— Tudo que surgiu foram suposições. Nada de concreto, absolutamente nada — conta João, citando que a mãe sumiu com a bolsa com documentos, cartões, carteira de plano de saúde, entre outros itens pessoais.
A esperança continua
Hoje, prestes a completar 94 anos, Delmar Winck está acamado. Passou por três AVCs e perdeu grande parte da mobilidade, mas, segundo o filho, o pai ainda espera por uma resposta.
— Ainda continuo na esperança de encontrá-la, mesmo que não esteja viva. Tenho certeza de que ainda vou reencontrá-la — afirma o filho que, junto da irmã, cuida do pai.
Há dois anos João se tornou avô. Fala dos netos com orgulho, mas lamenta: a mãe nunca conheceu os bisnetos.
Se dividindo entre o trabalho, os cuidados com o pai e as buscas pela mãe, João não perde a esperança:
— Tenho convicção que terei a notícia logo, que a qualquer momento vão me ligar e contar onde está a minha mãe.