Principal celebração da cultura alemã no Rio Grande do Sul, a Oktoberfest de Santa Cruz do Sul se encaminha para realizar a maior edição de sua história. Com 150 mil pessoas circulando pela feira apenas nos quatro primeiros dias de evento, a prefeitura já estima alcançar um público recorde de 500 mil pessoas, com impacto econômico próximo dos R$ 60 milhões.
— A gente vê o evento crescendo ano a ano. São mais de 5 mil empregos diretos e indiretos gerados pela feira, a cidade toda está envolvida, os hotéis lotados, os restaurantes cheios. Creio que teremos um incremento de 15% a 20% sobre o resultado do ano passado, chegando a R$ 60 milhões — projeta o secretário de Desenvolvimento Econômico do município, César Cechinato.
Em 2023, a Oktoberfest teve um público circulante de 400 mil pessoas, gerando R$ 50 milhões em negócios no município. O otimismo deste ano parte da sensação criada a partir do primeiro final de semana. Ajudada pelo clima convidativo, com dias sucessivos de sol e temperatura próxima dos 30°C, a Oktoberfest mobilizou não só os empresários de Santa Cruz, mas também de municípios vizinhos.
Na tarde de domingo (13), com os restaurantes da cidade lotados, muitos turistas foram almoçar em Rio Pardo, a 30 quilômetros de distância.
Na rede hoteleira não foi diferente. Os 2,2 mil leitos estavam ocupados, levando os pilotos do jatinho do DJ Alok, uma das atrações da Oktoberfest, a se hospedar em Lajeado, distante 60 quilômetros.
Pesquisa conduzida no ano passado pela Universidade de Santa Cruz do Sul mostrou que 55% do público da feira não mora na cidade, vindos de 126 outros municípios. Essa miscelânea de sotaques e origens se expressa nos pavilhões da Oktoberfest, sorvendo 184 mil litros de chope em 2023 — o principal produto comercializado no faturamento total de R$ 11,4 milhões do evento.
As duas cifras devem ser superadas este ano, dado que no último sábado (12), por exemplo, o estoque de água se esgotou, levando a organização a encomendar um lote emergencial. Já as 180 torneiras de chope deram conta da demanda, com previsão de superar os 200 mil litros nos próximos dois finais de semana.
A cultura cervejeira é tamanha na cidade durante os 12 dias da Oktoberfest que praticamente todos os negócios locais se envolvem na celebração.
O principal hotel da cidade disponibiliza chope de graça para os clientes na recepção, e quase todas as lojas do centro incorporam uma chopeira ao mobiliário, vendendo copos de 400ml em meio a peças de vestuário e eletrodomésticos. Na Rua Marechal Floriano, por onde passa o desfile de carros alegóricos, grande parte dos comerciantes diz ser o dia de maior faturamento no ano e até as farmácias ampliam as vendas.
— O que a gente mais vende é Engov e Epocler — conta a vendedora de uma drogaria.
A loja Casarão Verde, especializada em roupas para a família, muda toda a decoração e o mostruário sempre que começa a Oktoberfest. Há três anos, a oferta era de apenas 30 peças. Agora, quase 80% são ocupadas por modelos típicos alemães.
— Temos 5 mil peças à venda. Nos dias de desfile, montamos uma tenda na frente da loja e alugamos cadeiras — conta a proprietária, Janaina Mainardi, que em novembro já começa o planejamento para a Oktoberfest do ano que vem.
Com orçamento de R$ 954 milhões para 2025, Santa Cruz do Sul tem a maior economia do Vale do Rio Pardo. A maior parte da arrecadação advém da indústria de tabaco, responsável por 70% da geração de ICMS.
Nos últimos 10 anos, porém, a produção tem se diversificado, com 25 empresas recém instaladas ganhando espaço na receita tributária, 10 delas entre as maiores geradoras de ICMS e outras 15 entre as maiores geradoras de imposto sobre serviços. Sozinha, a Oktoberfest responde por 5% da arrecadação municipal.