Pouco mais de cem dias após a enchente que atingiu o Rio Grande do Sul em maio, o Estado ainda tem 54 pontos de bloqueio nas rodovias estaduais e federais. Os registros até a noite desta segunda-feira (12) incluem 36 trechos com bloqueios parciais, além de outros 18 com interrupção total.
Conforme projeções do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e da Secretaria Estadual de Logística e Transportes, a recuperação total dessas estradas deve levar até dois anos para ser completa.
O monitoramento dos pontos de bloqueio nas rodovias gaúchas é realizado de forma constante por Polícia Rodoviária Federal (PRF), Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) e Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). As regiões mais impactadas e que atualmente mais concentram trechos bloqueados são Vale do Taquari, Vale do Caí, Serra, Região Central e região metropolitana de Porto Alegre.
Diretor-geral do Daer, Luciano Faustino afirma que o processo de recuperação das rodovias é realizado em diferentes etapas. Em um primeiro momento, o serviço esteve mais direcionado à limpeza e à restauração emergencial das estradas. Agora, passará a executar obras em trechos que necessitam de um planejamento estrutural mais aprofundado.
— A primeira prioridade se tornou a recuperação pontual e emergencial do que era possível, com a remoção de lama e entulho das pistas, depois serviços para conter processos erosivos. Passada essa etapa, o momento agora é de executar obras de restruturação mais complexas, que exigem maior planejamento — destaca.
Com objetivo de acelerar esse processo de recuperação das estradas, o governo estadual apresentou no início de junho um plano de reconstrução de rodovias. No documento, foram elencados 30 pontos prioritários para receber os serviços.
Conforme a Secretaria Estadual de Logística e Transportes, a escolha dos trechos prioritários — que abrangem 36 municípios gaúchos — foi baseada em sete critérios: situação da rodovia, tempo gasto a mais em deslocamentos, quantidade de afetados, impactos na economia local, impactos na saúde, impactos na mobilidade urbana e volume de circulação de veículos.
Para completar os serviços de recuperação necessários, o Piratini projeta um valor mínimo de R$ 3 bilhões, para "correção e liberação dos pontos afetados pela chuva", ou R$ 9,9 bilhões, para "reconstrução de forma resiliente, com adaptações para as mudanças climáticas", conforme destacado no plano apresentado em junho.
Da projeção de gastos, o governo gaúcho pretende utilizar recursos provenientes do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs), que deverão ser complementados com apoio financeiro da União. Até o momento, o Piratini gastou aproximadamente R$ 117,7 milhões na restauração das rodovias estaduais, com recursos do Tesouro do Estado.
Já para executar a recuperação completa das estradas sob sua administração localizadas no Estado, o governo federal projetou investir inicialmente um montante de R$ 1,185 bilhão. Esse recurso foi regulado pela Medida Provisória nº 1.218/24, publicada em 11 de maio.
Apesar de o anúncio ter sido feito em 6 de maio, até o momento cerca de R$ 89,4 milhões foram aplicados na recuperação dos trechos federais, segundo informações do Dnit. Do valor prometido, há também cerca de R$ 193,5 milhões já empenhados e aproximadamente R$ 268,4 milhões em contratos assinados com empresas que irão realizar as obras