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Audiência pública no Senado discute fim da propriedade exclusiva da União sobre áreas próximas ao mar

Legislação do século 19 estabeleceu que locais afetados por marés deviam pertencer ao Estado, mas áreas foram ocupadas e hoje há cobrança sobre proprietários; críticos à mudança dizem que ela vai permitir privatização de praias e prejudicar proteção

Publicada em 27/05/2024 às 14:11h

Gaúcha ZH


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Marina
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Audiência pública no Senado discute fim da propriedade exclusiva da União sobre áreas próximas ao mar
Florianópolis, como outras cidades de Santa Catarina, tem imóveis nos terrenos de marinha. Leonardo Sousa / Prefeitura de Florianópolis,Divulgação  (Foto: foto reprodução)

O Senado promove na tarde desta segunda-feira (27) uma audiência pública para debater com a sociedade uma proposta que altera legislação que remonta aos tempos do Brasil colônia. A Proposta de Emenda à Constituição 3/2022 acaba com a propriedade exclusiva da União dos chamados terrenos de marinha, com estes espaços sendo repassados gratuitamente a Estados e municípios ou a ocupações de interesse social (como vilas de pescadores) e mediante pagamento a ocupantes (como pessoas que têm residência nestas áreas).

O conceito dos terrenos de marinha surgiu ainda quando o Brasil era colônia de Portugal, e estabelecia que áreas na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas afetadas pelas marés deveriam pertencer à Coroa, para fins de defesa do Estado contra eventuais invasões. Em 1831, já no Império, passou a haver cobrança por parte da União sobre a ocupação destes terrenos. E a medida usada para defini-los é até hoje a mesma: 33 metros do preamar (nível mais alto da maré) médio registrado em 1831.

A demarcação oficial destes terrenos foi acontecendo lentamente ao longo dos anos e a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) deve notificar individualmente proprietários de imóveis nestas áreas. Com isso, muitas pessoas que tinham adquirido legalmente terrenos próximos à costa acabaram perdendo o direito à propriedade, tornando-se "posseiros" e sendo obrigadas a pagar à União uma "taxa de ocupação" que varia de 2% a 5% do valor do imóvel a cada ano. Além disso, há a cobrança do laudêmio, uma taxa de 5% sobre o valor da transferência de uma propriedade em terreno de marinha.

Se aprovada a PEC ora em discussão no Senado, a União ficaria somente com as áreas não ocupadas, aquelas abrangidas por unidades ambientais federais e as utilizadas pelo serviço público federal, inclusive para uso de concessionárias e permissionárias, como para instalações portuárias, conservação do patrimônio histórico e cultural, entre outras. A proposta já teve aprovação, em dois turnos, da Câmara dos Deputados, ainda em 2022.

De acordo com o governo, existem cerca de 500 mil imóveis no País classificados como terrenos de marinha, dos quais em torno de 271 mil aparecem registrados em nome de responsáveis únicos (pessoas físicas e jurídicas).

 

Opiniões divergentes

Os autores do texto original da PEC, de 2011, deputados Arnaldo Jordy (PA), José Chaves (PE) e Zoinho (RJ), argumentam que os motivos que levaram à criação dos terrenos de marinha não são válidos atualmente, como a justificativa de defesa nacional contra invasões por mar. Eles também alegam que é preciso extinguir a propriedade exclusiva da União sobre estas áreas porque muitas cidades se desenvolveram sobre os terrenos de marinha, muitas vezes sem esta demarcação, e hoje os ocupantes destas áreas sofrem com tributação excessiva.

Os argumentos são reiterados no parecer favorável à proposta do relator da PEC no Senado, Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Críticos da PEC, no entanto, argumentam que ela retira da União o controle sobre a ocupação da costa, atendendo a interesses da especulação imobiliária, além de gerar riscos à biodiversidade.

Quando da discussão da proposta na Câmara, a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) destacou a preocupação ambiental:

— Esse texto não se trata da extinção deste tributo (as cobranças sobre o uso dos terrenos de marinha), mas trata da possibilidade de privatização de terras de marinha, o que, na prática, são terras da União, e, consequentemente, um ataque ambiental gigantesco porque são áreas estratégicas do ponto de vista da preservação da vegetação costeira.

O deputado Nilto Tatto (PT-SP) também afirmou, quando o projeto estava na Câmara, que há riscos relacionados às mudanças climáticas, com o aumento do nível do mar:

— O mar já vem crescendo e, portanto, em vários lugares já há impacto do crescimento do mar. Se nós abrirmos esses terrenos para a especulação imobiliária, que é quem está por trás pressionando a mudança, com a transferência desses terrenos para Estados e municípios e para o setor privado, vão-se intensificar as edificações e construções em áreas sensíveis.




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