A vacinação contra o papilomavírus humano, o HPV, no Sistema Único de Saúde (SUS) vai deixar de ser feita em duas doses e passará para dose única. A mudança passa a valer a partir da divulgação de uma nota técnica, ainda nesta terça-feira, 2.
Quem já recebeu a vacina, repete a dose?
Não. As pessoas que receberam uma dose já estão plenamente vacinadas e não precisarão receber a segunda, reforçou o diretor do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, Eder Gatti.
No entanto, a Sociedade Brasileira de Imunizações e a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia vão manter o esquema de duas doses até aos 20 anos e de três doses para acima de 20 anos. Passa a ser uma preocupação individual, indicou a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi.
Mudança vale também para a rede particular?
A mudança se aplica estritamente ao SUS e que o esquema de duas doses para adolescentes de 9 a 14 anos está mantido na rede particular. Isso porque os estudos apontam a eficácia da dose única contra o HPV na prevenção do câncer de colo de útero, mas o vírus está associado a outros tipos de câncer, como de orofaringe, pênis, ânus, vagina e vulva.
A vacina é a mesma ou mudou?
A vacina utilizada no novo esquema da rede pública permanece sendo a dose quadrivalente produzida pelo Instituto Butantan, que protege contra quatro subtipos de HPV associados ao câncer de colo de útero.
Por que mudou a estratégia?
A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi, considerou a mudança uma estratégia acertada. “É uma tendência. Vários países do mundo estão migrando para a dose única. Alguns porque não têm vacina e o único jeito de introduzir é com uma dose apenas", afirmou. Assim, o cenário depende de cobertura vacinal e não do número de doses. “Se você tem uma baixa cobertura vacinal, ainda que seja com duas doses, você não vai ter mais sucesso do que quando há muita gente vacinada – que seja com uma dose só”, explicou.
Outros países aplicam dose única?
Sim. Países como Austrália, Escócia e Dinamarca migraram para a dose única porque já conseguiram controlar ou reduzir em mais de 90% a circulação do vírus, das lesões e do câncer propriamente dito. “Então, eles estão migrando para uma dose para manter o vírus com circulação baixa ou até ausente”, explicou Mônica Levi.
Como está a cobertura contra HPV no Brasil?
Entre os meninos, só 27% têm a segunda dose. Isso desde 2017 – uma cobertura acumulada até 2023. Entre as meninas, 56% têm a segunda dose, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).