Primeiro, as ordens eram dadas a partir de uma cela de prisão. Depois, vinham de um apartamento de luxo na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Era lá que morava o foragido apontado pela Polícia Civil como líder do grupo El Patron - uma organização criminosa dedicada à teleentrega de drogas. Ele foi preso na noite de domingo (17), em uma lanchonete na capital fluminense, nas proximidades do imóvel.
Dando continuidade ao trabalho, na manhã desta quinta-feira (21), a 3ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico (3ª DIN) desencadeou ação para prender integrantes das células de tráfico de drogas e de lavagem de dinheiro da El Patron.
Mais uma vez, a rede de barbearias El Cartel Fernandes está na mira das autoridades. GZH apurou que dois dos irmãos que atuam nas lojas - Erick e Allan Berkai Fernandes - tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça por lavagem de dinheiro e organização criminosa. Erick foi capturado na noite da quarta-feira (20) depois de cumprir expediente na filial da El Cartel em Copacabana, no Rio. Allan foi preso em casa, em Porto Alegre. O terceiro irmão, Nicholas, também é investigado. Em maio do ano passado, os três haviam sido presos em outra ação policial, a Operação Xerxes, também sob investigação por lavagem de dinheiro.
Até o final da manhã, 10 pessoas tinham sido presas e três veículos, apreendidos.
A Operação El Patron, feita por uma das especializadas do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), investiga 36 pessoas e o uso de 11 empresas - sete delas são barbearias - para lavar dinheiro que seria proveniente do negócio de telentrega de drogas no Litoral Norte, especialmente, em Torres, Capão da Canoa e Tramandaí, e na Região Metropolitana. O esquema teria movimentado em torno de R$ 20 milhões no período de um ano e meio de investigação. O Denarc considera ser o maior esquema de telentrega de drogas no Litoral Norte e Região Metropolitana.
Cerca de 300 policiais cumprem 55 mandados de busca e apreensão domiciliar, uma busca e apreensão em casa prisional e 18 ordens de prisões preventivas e temporárias. A Justiça também concedeu ordens de bloqueio de contas bancárias e quebras de sigilo bancário e fiscal, além do sequestro de patrimônio móvel e imóvel proveniente de crimes perpetrados por uma facção natural do Vale do Sinos. Os bens somam em torno de R$ 5 milhões, sendo pelo menos duas casas de alto padrão e 25 veículos.