A Stellantis, que detém marcas como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroen, anunciou nesta quarta-feira um ciclo de investimentos de 30 bilhões de reais no Brasil entre 2025 e 2030.
Após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília, executivos da companhia afirmaram em entrevista à imprensa que o anúncio representa o maior plano de investimentos da história da indústria automotiva no Brasil e da América do Sul.
“Os 30 bilhões de reais serão todos no Brasil, serão investidos para renovar os nossos carros existentes, fazer novos lançamentos, introduzir a tecnologia 'bio-hybrid' e investir em novos negócios”, disse o presidente da Stellantis na América do Sul, Emanuele Cappellano.
No total, a companhia afirmou que vai lançar "mais de 40 novos produtos" no país no período do plano de investimento.
O volume de recursos anunciado pela Stellantis representa um terço dos cerca de 100 bilhões de reais que a associação nacional de montadoras, Anfavea, estimou em fevereiro que será investido no setor no Brasil até 2029, incluindo a indústria autopeças.
O anúncio foi feito um dia depois que a Toyota divulgou que vai investir 11 bilhões de reais no Brasil até 2030.
Além de Stellantis e Toyota, outras montadoras recentemente divulgaram grandes programas de investimento no país, incluindo Volkswagen (9 bilhões de reais até 2028), General Motors (7 bilhões até 2028) e Hyundai (1,1 bilhão de dólares até 2032).
De acordo com o presidente-executivo global da Stellantis, Carlos Tavares, o foco da companhia será dar um passo adiante aos veículos flex e aos movidos a etanol, adicionando a eles a tecnologia de eletrificação.
Segundo Tavares, o plano de investimentos será coordenado com o programa Mover, do governo federal, que prevê incentivos à produção de veículos que emitem menos poluentes.
"É um programa pragmático e inteligente”, disse. “Esse alinhamento de interesse entre o governo brasileiro e nossa empresa é fundamental.”
Tavares afirmou que as três fábricas da companhia Brasil atualmente não estão saturadas. O executivo ponderou que se houver mais oportunidades no mercado, não faltarão recursos para investir mais em capacidade industrial, embora não seja um movimento necessário neste momento.
Perguntando sobre previsões para produção de carros 100% elétricos na região, em meio ao plano da companhia de que esses veículos representem 20% das vendas em 2030, Tavares disse que a tecnologia ainda custa até 40% mais do que os motores a combustão e que a classe média não aceitaria pagar valores mais altos, ao mesmo tempo em que a empresa não poderia assumir prejuízos para forçar uma redução de preço.
O presidente-executivo global da Stellantis afirmou que uma evolução da produção poderá levar a essa queda de custo em dois ou três anos, ponderando que isso também dependerá de uma produção em escala, algo que tem ficado mais difícil com o atual cenário de fragmentação global.