A Amazônia enfrenta um recorde de focos de incêndio para o mês de fevereiro, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia. Com 2.924 pontos de queimadas identificados pelas imagens de satélite até o último dia 26, a quantidade é a maior desde o início da série histórica, iniciada em 1999.
No 2º semestre de 2023, algumas regiões da floresta, como no Amazonas, tiveram picos de incêndios. A própria gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitiu ao Estadão que a estrutura de combate ao fogo era insuficiente, embora tivessem contratado mais brigadistas. Especialistas já alertavam para os efeitos do El Niño na região, que tem a estiagem agravada pelo fenômeno climático.
Embora tenha baixado pela metade o desmatamento em 2023, o insucesso na prevenção de incêndios tem pressionado o governo, que prometeu ter a proteção ambiental como uma de suas principais bandeiras. Procurado pela reportagem, o Ministério do Meio Ambiente ainda não se manifestou.
Na comparação com todo o mês de fevereiro do ano passado (734 focos), a Amazônia registra alta de 298% de focos de incêndio em um ano. O número deste ano pode aumentar até o fechamento do mês, na quinta-feira, 29. Os dados são atualizados todos os dias pelo Inpe.
Na maior parte da Amazônia, a estação seca começa em julho, com ápice em agosto, e vai até outubro. Nessa época, a vegetação e a matéria orgânica no solo ficam propícias à queima. Isso, somado ao ar menos úmido, espalha as chamas com mais rapidez e dificulta o combate.
Por ser uma floresta úmida, especialistas destacam que dificilmente a floresta pega fogo sozinha e a maioria das queimadas envolve ação humana criminosa. Em grande parte dos casos, os incêndios servem para abrir novas áreas de pastagem.
A preservação do bioma, a floresta tropical com maior biodiversidade do planeta, é considerada fundamental para frear o agravamento das mudanças climáticas. A maior fonte de origem dos gases de efeito estufa lançados pelo Brasil na atmosfera é o desmate.