Menos faltas, otimização de tarefas e tempo livre para resolver questões pessoais. Essas são algumas das primeiras impressões nas empresas participantes de um experimento sobre a semana de 4 dias de trabalho no Brasil.
Foram três meses de preparação, de setembro a dezembro do ano passado, até que os trabalhadores começassem a atuar com a carga horária reduzida, mas ganhando o mesmo salário e com o objetivo de manter 100% da produtividade.
Trata-se do projeto piloto da "4 Day Week Brazil", parceira no Brasil da "4 Day Week Global", uma organização sem fins lucrativos que faz pesquisas sobre trabalho ao redor do mundo.
Confira, a partir dos tópicos abaixo, as primeiras impressões de funcionários e gestores sobre o projeto:
Menos faltas
"As faltas e atrasos realmente melhoram bastante porque a pessoa consegue se organizar melhor. É claro que se ocorre um acidente, tudo bem, mas as ausências sem justificativa diminuíram", afirma.
"Em todo dia de folga, eu faço alguma coisa particular. Vou ao banco, passo no médico, levo meu filho na escola, levo no parque para brincar, fico com ele mais tempo, faço minhas coisas de casa", relata Antônia Pinheiro de Jesus, assistente administrativa do hospital.
Para Simone Cyrineu, diretora da produtora de vídeo Thanks for Sharing, outra empresa participante do projeto, a ideia é justamente essa: que o dia de folga seja usado para descanso, hobbies e projetos pessoais, mas também para resolver pendências pessoais.
"Eu quero que continue, é ótimo. Eu me esforço bastante. Tudo o que me pedem, eu entrego na data e horário certinho", comenta Antônia, do hospital.
Sextou mais cedo?
Como parte do experimento, as empresas puderam escolher se iriam conceder um dia de folga na semana ou reduzir a carga horária de 8 para 6 horas diárias. Todas escolheram o dia de folga, mas com algumas diferenças.
"A maioria escolheu a sexta, mas algumas empresas que vão se manter abertas colocaram uma ou duas pessoas para trabalhar na sexta, e aí essas pessoas tiram a segunda-feira de folga", explica Renata Rivetti, responsável pelo projeto.
Saúde mental em dia
Entre as expectativas das empresas listadas pelo projeto, além da melhora na qualidade de vida e produtividade, também estão reduzir o turnover (taxa de rotatividade de colaboradores) e atrair talentos.
Para Eduardo Hagiwara, do Hospital Indianópolis, a principal meta com o programa é melhorar a qualidade de vida dos funcionários, uma preocupação que se intensificou na área da saúde após a pandemia de coronavírus.
"A redução da jornada é uma ferramenta para isso, mas só ela não basta. Precisamos oferecer para os funcionários o que eles querem fazer com o tempo extra. É desenvolver voluntariado? Um hobby artístico? Se dedicar à atividade física? Então, individualmente, eu tento dar esse suporte a eles", afirma.
"Acabo organizando minhas tarefas pessoais, exames médicos de rotina no dia de folga e tenho o final de semana realmente livre para curtir com a família."