A incidência da dengue no Rio Grande do Sul tinha um perfil bem estabelecido até 2021. A partir do ano seguinte, o comportamento epidemiológico da doença começa a mudar. Ela deixa de ser sazonal, ou seja, de acontecer em um período específico do ano, e passa a ser contínua, apesar de a prevalência seguir mais relevante nos meses de verão. Em 2024, o Estado já registrou 4.045 testes positivos, até esta quinta-feira (15).
Conforme a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Rio Grande do Sul e doutora em Ciências Médicas, Roberta Vanacor, ao menos três fatores contribuem para o aumento de casos de dengue no território gaúcho: questões comportamentais, como as causadas pela pandemia de coronavírus, questões climáticas e os tipos de dengue que circulam atualmente.
— A gente teve uma explosão de casos em 2022. Muito em razão das equipes, tanto de assistência quanto de vigilância, estarem muito focadas na questão da pandemia. A própria observação ambiental e até adentrar os espaços, as casas, pois não era possível em razão da pandemia e a necessidade de distanciamento social, entre outras ações ambientais foram prejudicadas — explica a especialista.
Roberta comenta que, além das forças públicas, a população também ficou com a atenção voltada para a covid-19 e acabou relaxando com os cuidados no combate à dengue. Com a diminuição das precauções governamentais e coletivas, o número de criadouros de Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença, aumentaram e, somado a isso, um segundo fator fez com que o aumento de casos de dengue tivesse ainda mais força.