O jornal O Globo, que teve papel decisivo no golpe de estado do 2016 contra a ex-presidente Dilma Rousseff e na prisão política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2018, retomou o discurso lavajatista e usou um relatório inconsistente da Transparência Internacional para atacar a administração petista. "O Judiciário — em especial os tribunais superiores — deveria dar atenção à última lista de percepção da corrupção global preparada pela Transparência Internacional. A sensação de um ambiente contaminado por negociatas tem custo enorme para a reputação brasileira e afasta empresas e investidores sérios do país", escreve o editorialista do jornal.
Ocorre que a Transparência Internacional não apenas pretendia receber parte dos recursos que seriam desviados por uma fundação que o ex-deputado Deltan Dallagnol pretendia criar, como também se envolveu em oportunidades comerciais criadas pela Lava Jato. Na prática, a ONG teve uma atuação nada transparente no Brasil, que serviu a interesses empresariais e internacionais escusos.
A ONG Transparência Internacional, que desempenhou papel relevante no processo de ataque à democracia e à economia nacional, com seu apoio à Operação Lava Jato, reabriu sua guerra particular contra o Brasil ao divulgar um relatório que sugere que o País se tornou um país mais corrupto em 2023. Os motivos alegados pela ONG são absolutamente despropositados: as indicações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Supremo Tribunal Federal, com as escolhas dos ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino, bem como o fato de o governo não ter seguido a lista tríplice ao escolher Paulo Gonet como novo procurador-geral da República.
Em seu novo ataque às instituições brasileiras, a Transparência Internacional alega que o governo Lula estaria falhando na "reconstrução dos mecanismos de combate à corrupção", segundo reportagem divulgada pelo Valor nesta terça-feira. A realidade, no entanto, é que o "combate à corrupção" derrubou uma presidente honesta, Dilma Rousseff, e alçou ao poder grupos claramente associados à corrupção, durante o período Temer-Bolsonaro. Além disso, a atuação da Transparência Internacional serviu a grandes interesses econômicos, que nem sempre foram revelados de forma transparente.
Artigos publicados no Brasil 247 pelo jornalista Joaquim de Carvalho revelaram como a Transparência Internacional foi parte do projeto de poder do ex-juiz suspeito Sergio Moro e do ex-deputado cassado Deltan Dallagnol. Reportagem do portal Consultor Jurídico também aponta que a ONG receberia ganhos financeiros com as multas direcionadas à "fundação Lava Jato", que Dallagnol tentou criar. Artigo do jornalista Marcio Chaer, editor do Conjur, também destaca como a Transparência Internacional se envolveu em grandes oportunidades comerciais, que foram abertas após empresas brasileiras serem atingidas pela Lava Jato. Ao que tudo indica, portanto, os relatórios da ONG atendem mais aos seus interesses econômicos do que ao combate à corrupção.