O consignado e o microcrédito, duas medidas implementadas pela ex-presidente Daniella Marques em plena campanha eleitoral, frustraram ganhos da Caixa Econômica Federal no ano passado em cerca de R$ 300 milhões e isso penalizou os funcionários do banco.
Pessoas que participaram das discussões sobre os dois programas do governo Jair Bolsonaro afirmam que causaram impacto nas contas da Caixa. Cerca de 1,3 mil funcionários tiveram de devolver recursos pagos como PLR, a conhecida participação nos lucros.
Via assessoria, o banco informou que ainda não contabilizou esses números, mas nega que as medidas tenham gerado impacto no lucro do banco. A ex-presidente Daniella Marques não quis se manifestar.
Esse grupo, formado por bancários em posição de chefia e executivos, devolveu quantias que variaram entre R$ 1 mil e R$ 10 mil em março deste ano, quando supostamente receberiam a segunda parcela do lucro projetado (a maior) em 2022.
Segundo advogados e técnicos envolvidos nesse acerto de contas, ajustes nos valores ocorrem com frequência, mas nunca na história da Caixa houve devolução de PLR pelos funcionários.
A Caixa distribuiu R$ 1,2 bilhão em PLR e 92% dos funcionários receberam R$ 4 mil.
O TCU e a própria Caixa estão investigando o consignado oferecido para beneficiários do Auxílio Brasil, programa que substituiu o Bolsa Família durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), e o programa de microfinanças do banco.
Ambos foram implementados às vésperas das eleições de 2022 e, segundo a atual presidente do banco, Rita Serrano, "com um apelo excessivo ao endividamento da população vulnerável".
A inadimplência do programa de microfinanças ultrapassou 80%, e a maior parte das perdas será coberta pelo FGM (Fundo Garantidor de Microfinanças), que usa dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
No período em que funcionou, o consignado movimentou R$ 7,6 bilhões para quase 3 milhões de clientes da Caixa. Nos microempréstimos foram R$ 3 bilhões para 3,9 milhões de clientes.