Em depoimento à Polícia Federal (PF), prestado na quarta-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que não assistiu à íntegra do vídeo compartilhado por ele, em que acusava, sem provas, a realização de uma fraude nas eleições de 2022. Bolsonaro disse que publicou o vídeo sem querer, ao tentar mandá-lo para si mesmo.
"Que, indagado a respeito de sua opinião sobre o processo eleitoral, afirma que, ao postar o vídeo, não havia o assistido em sua integralidade e, em momento algum, emitiu juízo de valor sobre ele", diz a transcrição da oitiva.
Bolsonaro está sendo investigado por ter compartilhado, dois dias após os atos golpistas do 8 de janeiro, um vídeo que afirmava que a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi fraudada por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele foi incluído em um inquérito que investiga supostos autores intelectuais e incitadores dos atos.
No depoimento, no entanto, o ex-presidente alegou que viu o vídeo no Facebook de uma "pessoa desconhecida" e que tentou enviar para seu próprio WhatsApp para assisti-lo posteriormente, mas que acabou publicando a gravação na própria rede social.
"Que, no dia 10/01/2023, tão logo saiu do hospital, já em sua residência, visualizou o vídeo postado na página do Facebook de uma pessoa desconhecida, que se interessou em assisti-lo com mais cuidado posteriormente; Que tem o costume de encaminhar todas as postagens que lhe interessam para o seu WhatsApp particular para posterior visualização", diz a transcrição.
Questionado pela PF sobre o conteúdo do vídeo, Bolsonaro afirmou que "considera a Eleição de 2022 uma página virada em sua vida". Depois, acrescentou que " em relação a demais fatos que tratem da questão eleitoral, poderá prestar esclarecimentos posteriormente".No depoimento, o ex-presidente também disse que foi internado no dia 9 de janeiro por uma obstrução intestinal, sendo liberado no dia seguinte, e que foi medicado com morfina. Foram entregues à PF documentos sobre a internação.