O Banco Central aumentou sua projeção de crescimento econômico em 2023 a 1,2%, contra patamar de 1% estimado em dezembro, informou o Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira (30).
Segundo o BC a melhora “moderada” na estimativa é fruto de surpresas positivas em componentes do setor de serviços em 2022, que ampliam o carregamento estatístico para este ano, além de prognósticos mais positivos para a indústria extrativa e os primeiros indicadores referentes ao início deste ano.
“Apesar da revisão, a projeção continua refletindo cenário prospectivo de desaceleração da atividade econômica em 2023, na comparação com os dois anos anteriores”, disse, após 2022 ter registrado um crescimento de 2,9%.
No documento, a autarquia ressaltou que o crescimento da atividade neste ano terá contribuição relevante do setor agropecuário, com variações modestas de indústria, serviços e consumo doméstico.
O Ministério da Fazenda, por sua vez, prevê expansão de 1,61% para o PIB este ano, enquanto o mercado, segundo a pesquisa Focus mais recente, estima que a economia crescerá 0,9% em 2023.
Em relação à política monetária, o BC reiterou a mensagem da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de que não hesitará em retomar ajustes na taxa básica de juros se necessário. Atualmente a Selic está em 13,75% ao ano.
O BC também atualizou sua projeção para a inflação de 2025, com a estimativa para o IPCA ficando em 3,2%, acima do centro da meta de 3,0% e mais alta que a projeção de 2,8% feita em dezembro.
O documento repetiu as projeções já apresentadas pelo Copom para 2023 (5,8%, ante meta de 3,25%) e 2024 (3,6%, ante meta de 3,00%).
De acordo com o relatório, a probabilidade de a inflação romper o teto de 4,75% da meta deste ano saltou de 57% em dezembro para 83% agora.
“A inflação ao consumidor, assim como diversas medidas de inflação subjacente, segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”, disse.
O BC também prevê um crescimento do crédito no país de 7,6% este ano, ante estimativa de 8,3% feita em dezembro, em meio ao aperto monetário promovido para combater a inflação.
Agora, a expectativa é que o crédito às famílias suba 8,4% em 2023, contra expectativa anterior de 9,0%. Para as empresas, a alta foi calculada em 6,3%, ante 7,3% no último relatório.
Para o estoque de crédito livre, em que as taxas são pactuadas livremente entre bancos e tomadores, o BC projeta agora uma expansão de 7,1% (+8,6% antes). Para o crédito direcionado, que atende a parâmetros estabelecidos pelo governo, a perspectiva é de alta de 8,3% (+8,0% antes).
A estimativa para o resultado das transações correntes neste ano foram melhoradas pelo BC, passando a ver um saldo negativo de US$ 32 bilhões, ante rombo de US$ 49 bilhões projetado em dezembro.
Em seu Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quinta-feira, o BC manteve a perspectiva para os Investimentos Diretos no País (IDP) em US$ 75 bilhões em 2023.
Nas contas do BC, a balança comercial terá superávit de US$ 62 bilhões neste ano, ante estimativa anterior de saldo positivo de US$ 46 bilhões. A despesa líquida com viagens, por sua vez, foi estimada em US$ 11 bilhões, mesmo patamar da projeção de dezembro.