O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSD) afirmou que os Estados Unidos prometeram "recursos vultosos" para o Fundo Amazônia, a maior política financeira de preservação ambiental do planeta. O valor que será disponibilizado pelo governo norte-americano não foi anunciado.
O anúncio foi feito nesta segunda-feira (27) depois da reunião entre o vice-presidente e o enviado especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry. O encontro no Palácio Itamaraty teve a participação da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede).
"O enviado John Kerry não definiu valor, mas colocou que vai se empenhar junto ao governo, junto ao Congresso norte-americano e junto à iniciativa privada para termos recursos vultosos, não só no Fundo Amazônia como também em outras cooperações", afirmou Alckmin.
Após a reunião, Marina Silva chamou o encontro de "conversa preliminar em relação a temas que serão motivo de um anúncio conjunto". Ela relatou que os dois governos fizeram um termo de referência que será seguido pelo trabalho das equipes técnicas dos países.
"Quem vai anunciar o valor é o governo Biden no tempo oportuno para eles. Eles dependem do Congresso. Nada vai ser feito de forma a desconsiderar as dinâmicas de cada país. O Brasil trabalha para que a gente possa sim ter o mais rápido possível os aportes que estão sendo colocados pelos diferentes países e governos, como já sinalizou a Alemanha. Cada país tem seu tempo e sua dinâmica interna", disse Marina em entrevista coletiva.
A intenção dos EUA de contribuir com o Fundo Amazônia foi anunciada durante visita do presidente Lula a Washington, no início do mês.
Imagem no exterior
A visita da autoridade climática norte-americana marca mais uma etapa da reconstrução da imagem do Brasil no exterior. A agenda oficial de John Kerry no país é prosseguir com o Grupo de Trabalho de Mudanças Climáticas Brasil/EUA, relançado oficialmente por Lula e presidente dos EUA Joe Biden em 10 de fevereiro.
Entre outros temas tratados por Kerry e autoridades brasileiras estão o impulso à produção de energia limpa e geração de renda para a população amazônica. Ele ficará no Brasil até terça-feira (28), quando vai para o Panamá. O governo federal informou que um encontro entre Kerry e Lula não está previsto.
Gestão Bolsonaro sabotou Fundo Amazônia
O Fundo Amazônia financia projetos de preservação do bioma nas áreas de fiscalização, economia sustentável e regularização fundiária. Especialistas já afirmam ao Brasil de Fato que a iniciativa é vital para que o governo federal consiga lançar as bases do "desmatamento zero" no Brasil, um compromisso eleitoral de Lula (PT).
"O Fundo vai garantir que a gente tenha condições de efetivar as políticas ambientais, já que o orçamento da União está muito fragilizado. E nele há recursos suficientes para fazer ações de vulto", afirmou em janeiro a assessora de Política e Direito Socioambiental do Instituto Socioambiental (ISA), Adriana Ramos.
Sob Jair Bolsonaro (PL), o Brasil sabotou o Fundo Amazônia ao dissolver os conselhos que faziam a gestão dos recursos. Por isso, mais de R$ 3 bilhões deixaram de ser empregados na preservação da floresta.
Um dia após a vitória eleitoral de Lula, Alemanha e Noruega - os dois países financiadores - anunciaram a retomada do Fundo. Desde então, Reino Unido e Suíça também estudam participar do programa de preservação ambiental.
O Ministério do Meio Ambiente prevê que o Fundo Amazônia deve saltar dos atuais R$ 3,2 bilhões, que estão bloqueados, para pelo menos R$ 10 bilhões.
Com informações da Agência Brasil
Edição: Thalita Pires