O preço do boi gordo no estado de São Paulo despencou no primeiro dia após o autoembargo do Brasil às exportações de carne bovina à China. Nesta quinta-feira (23), a arroba de 15 quilos foi negociada no preço médio de R$ 267,45, valor 10,7% menor que o registrado na quarta (22).
O dado é do indicador de preços do boi gordo CEPEA/B3 que monitora a média ponderada dos preços à vista do mercado paulista. Segundo a série histórica desse indicador, esse é o menor preço registrado desde novembro de 2021.
O sócio-diretor da Athenagro Consultoria, Maurício Palma Nogueira, diz que a China é a principal razão do tombo do preço nesta quinta – dia seguinte ao anúncio do caso de mal da “vaca louca” em um animal no Pará.
“A queda é impacto da China. Isso afetou o mercado à vista, futuro e as ações. Se a gente tiver algo parecido com o visto no embargo chinês de 2021, os preços poderão cair um pouco mais porque, na época, a queda chegou perto de 15% e 20%”, diz Nogueira.
Ontem à noite, o governo brasileiro confirmou o caso e anunciou a suspensão automática das exportações para a China – o maior comprador da carne brasileira no mundo.
O analista destaca que o mercado de boi paulista teve poucos negócios nesta quinta. “O mercado está aguardando para ver o que acontece, o resultado do exame”. Uma amostra do caso foi enviada ao Canadá para indicar se o animal foi acometido pelo mal “atípico” – que ocorre de maneira orgânica em animais mais velhos e não há risco de contaminação – ou é um caso “clássico” – quando a contaminação pode ser via ração e há risco de contaminação para outros animais e o ser humano.
Apesar da queda dos valores no mercado de boi gordo, Maurício Palma Nogueira diz que é cedo para dizer que a carne ficará mais barata nos açougues. “Em 2021, o boi gordo caiu quase 20%, mas a carne para os frigoríficos teve queda menor, em torno de 5%. Para o consumidor, a queda foi ainda menor, perto de 1%”, disse, ao lembrar que, na época, o setor acabou absorvendo a queda de preços para tentar recuperar margens após o período mais duro da pandemia da Covid-19.